Dados divulgados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelam um cenário de inadimplência preocupante no país. Em julho de 2024, 85,22% das negativações foram de devedores reincidentes, ou seja, pessoas que já haviam sido inscritas no cadastro de inadimplentes nos últimos 12 meses.
Dentre os reincidentes, 61,75% não conseguiram quitar suas dívidas antigas até julho, enquanto 23,48% retornaram ao cadastro após terem resolvido suas pendências nos últimos 12 meses. Apenas 14,78% dos negativados não haviam tido restrições no CPF durante o período analisado, o que indica que são novos devedores.
Menos reincidentes, mas mais novos inadimplentes
O presidente da CNDL, José César da Costa, destaca que, embora haja uma queda no número de reincidentes, o número de inadimplentes se mantém estável, o que indica a entrada de novos devedores. “É essencial que os consumidores adotem uma postura responsável na tomada de crédito, considerando todas as taxas envolvidas antes de assinar qualquer contrato para evitar surpresas no futuro”, alerta Costa.
O levantamento também mostra que, em média, os consumidores reincidem em suas dívidas após 2,4 meses (72,6 dias) do primeiro atraso. Esse intervalo reflete a dificuldade dos brasileiros em se manterem em dia com seus compromissos financeiros.
Apesar disso, houve uma redução de 12,45% no número de devedores reincidentes nos últimos 12 meses encerrados em julho de 2024, em comparação com o período anterior. Roque Pellizzaro Junior, presidente do SPC Brasil, atribui essa queda à reversão das expectativas em relação à taxa de juros no país, o que encarece o crédito e dificulta o pagamento.
A faixa etária mais representativa entre os devedores reincidentes é a de 30 a 39 anos, que corresponde a 26,58% do total. Em relação ao gênero, as mulheres são ligeiramente mais representativas, com 54,40% dos reincidentes.
Recuperação de crédito
Em contrapartida, o Indicador de Recuperação de Crédito de Pessoas Físicas do SPC Brasil mostra que o número de consumidores que saíram dos cadastros de inadimplentes caiu 1,42% nos 12 meses encerrados em julho de 2024, comparado ao mesmo período anterior. A queda foi mais acentuada entre os consumidores que levaram de 3 a 4 anos para quitar suas dívidas, com uma redução de 18,47%.
A faixa etária de 50 a 64 anos foi a que mais conseguiu recuperar crédito, representando 22,97% dos casos. Em termos de gênero, a recuperação de crédito foi quase igualmente dividida entre mulheres (51,03%) e homens (48,97%).
Em média, cada consumidor recuperado pagou R$ 3.053,49 para quitar suas dívidas, com 52% dos devedores resolvendo pendências de até R$ 500.
Os dados reforçam a importância da educação financeira e da cautela na tomada de crédito, especialmente em um cenário econômico desafiador como o atual.