O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento no valor de R$ 600 milhões para o Complexo Solar Irapuru, que possui sete parques com capacidade instalada de 422 MWp. O projeto irá complementar o já existente Complexo Solar Janaúba, localizado em Janaúba, Minas Gerais, elevando sua capacidade instalada para 1,6 GWp, o suficiente para abastecer 1,9 milhão de residências.
O financiamento do BNDES será celebrado com a Irapuru Holding S.A., controladora das sete SPEs, corresponde a aproximadamente 50% do total do investimento e ocorrerá com recursos do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima – R$ 400 milhões) e do FINEM (R$ 200 milhões).
Com previsão de conclusão para o primeiro semestre de 2025, Irapuru contará com 800 hectares para instalação de 750 mil módulos solares bifaciais, e contempla também a implantação de um transformador no sistema de transmissão de uso restrito e compartilhado do Complexo Solar Janaúba. O projeto está com aproximadamente 70% de avanço físico, envolvendo 1.000 empregos diretos e 4.000 indiretos.
O Complexo Solar Janaúba também foi financiado pelo BNDES com cerca de R$ 1,5 bilhão. Para o presidente do Banco, Aloizio Mercadante, com o apoio, o BNDES reafirma seu papel como maior financiador de energia renovável do mundo, engajado no compromisso do Governo de promover a transição energética no País.
“Além de ser um investimento relevante para avançarmos no processo da transição energética, que é uma das prioridades do governo Lula, evitando a emissão de 38.391,69 toneladas de CO2, o Complexo Solar de Irapuru deve gerar R$ 5 milhões de incremento de renda na região e sua implantação e reafirma o papel do BNDES como líder global no financiamento de energias renováveis, segundo a Bloomberg NEF”, explicou Mercadante.
“O sol que tanto castigou o Norte de Minas no passado se tornou, hoje, um grande indutor de desenvolvimento social e econômico. A energia solar é fundamental para aumentar a nossa sustentabilidade, garantindo cada vez mais energia limpa e renovável em nosso sistema. Temos trabalhado, junto ao BNDES, para garantir recursos que vão atrair investimentos para Minas Gerais e para o Brasil, gerando emprego e renda para a nossa população”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
“A aprovação deste financiamento pelo BNDES para o complexo solar Irapuru é um marco significativo na nossa trajetória de apoio à transição energética do Brasil. Este projeto não só aumenta a capacidade instalada do maior complexo solar da América Latina, mas também reforça nosso compromisso com a sustentabilidade e a geração de empregos. Estamos orgulhosos de contribuir para a matriz renovável do país e de apoiar iniciativas que promovem a descarbonização e o desenvolvimento econômico regional”, comentou Marcio Calux, CFO da Elera Renováveis, acionista do projeto.
Transição energética – De acordo com a consultoria McKinsey, o Brasil se posiciona para se tornar uma potência na transição energética apoiando não apenas sua própria descarbonização, mas a transição energética global. Na visão da consultoria, o Brasil pode se tornar um líder global em energia renovável, em bioenergia e em mercados de carbono, setores que podem representar uma oportunidade de mercado de aproximadamente US$ 125 bilhões em 2040.
A redução constante de custos de painéis solares nos últimos anos fez a energia solar liderar a expansão de capacidade de geração de energia elétrica no mundo e no Brasil. O país possui alto potencial de geração de energia solar devido à sua dimensão continental e localização geográfica, o que garante elevados índices de irradiação solar em praticamente todo o território nacional e baixos custos de produção de energia.
Segundo outra consultoria especializada, a Aurora, o Brasil apresenta o quinto maior potencial de geração de energia solar do mundo, com fatores de capacidade em torno de 19 a 24%, o que representa o dobro do fator de capacidade médio da Alemanha, um dos líderes globais no uso de energia fotovoltaica. A capacidade instalada de geração solar alcançou 48 GW em 30/09/2024, o que representa cerca de 20% da matriz elétrica brasileira, considerando geração centralizada e distribuída.
Além da energia solar, o Brasil dispõe de elevado potencial de outras fontes renováveis, como eólica, hídrica e biomassa. As fontes renováveis representam cerca de 89% da matriz elétrica brasileira, incluindo geração centralizada e distribuída, o que confirma a vocação do país para a sustentabilidade e protagonismo na transição energética.
Apoio histórico – A transição energética global exigirá altos volumes de investimento nos próximos anos e décadas e os investimentos no setor elétrico brasileiro contam com apoio do BNDES, de outros bancos de fomento e multilaterais e do mercado de capitais, especialmente, por meio de debêntures incentivadas.
Devido à parceria histórica no desenvolvimento do setor, passando pelas usinas do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa), leilões do mercado regulado e mais recentemente à expansão do mercado livre, o BNDES se tornou o líder global no financiamento de energias renováveis. De acordo com a BloombergNEF, o BNDES ocupa a primeira posição entre os financiadores de energia limpa nos últimos 20 anos (2004 a 2023) com US$ 36,4 bilhões, conforme gráfico a seguir.
A McKinsey estima que serão necessários investimentos de 3 a 5 trilhões de dólares ao ano até 2030 no mundo.