Um levantamento realizado pelo Programa Maré de Ciência, da Unifesp, em parceria com a Rede Biomar, aponta que regiões com projetos de conservação atuantes há décadas registram aumento de até 20% na consciência ambiental da população.
O estudo ouviu 1.803 moradores de municípios costeiros e mostrou que quem conhece ao menos uma das iniciativas da rede demonstra maior percepção da relação direta entre oceano e qualidade de vida.
Projetos com mais de 20 anos de atuação ampliam em mais de 10% a compreensão das pessoas sobre sua conexão com o mar, reforçando a relevância de investimentos constantes em educação ambiental.
Impacto
A pesquisa mostra que a percepção sobre a influência do oceano na rotina é 11% maior entre quem conhece os projetos. Entre esses, 88% buscam informações sobre o tema e 87% afirmam sentir motivação para contribuir com a conservação.
Além disso, 82% dizem estar dispostos a mudar hábitos em benefício do oceano, com quase metade extremamente disposta — proporção quase duas vezes maior que a do grupo controle.
Planejamento estratégico
A sondagem integra o planejamento da Rede Biomar para a Década da Ciência Oceânica da ONU, que segue até 2030. Segundo a fundadora do Projeto Albatroz, Tatiana Neves, os resultados ajudam a ajustar ações e aprimorar estratégias de sensibilização.
Ela destaca que o estudo é um divisor de águas para avaliar o impacto das iniciativas e orientar melhorias.
Mobilização
Para Tatiana, os dados mostram que o público engajado busca informação e demonstra forte interesse em temas ligados ao oceano.
Ronaldo Christofoletti, coordenador do Programa Maré de Ciência, reforça que a educação de longo prazo é essencial, pois transforma conhecimento em comportamento sustentável.
Desafios
O próximo passo, segundo Tatiana, é transformar a preocupação em ações práticas. A Rede Biomar pretende ampliar orientações sobre atitudes eficazes no cotidiano.
Entre as ações recomendadas estão reduzir o consumo de plástico descartável, optar por produtos sustentáveis e participar de mutirões ambientais.
Adaptações
Christofoletti ressalta que estratégias de educação ambiental precisam se adaptar a diferentes perfis e realidades regionais, garantindo que o conteúdo seja acessível e significativo.
Ele avalia que o processo deve ser construído com as comunidades, considerando suas dúvidas, práticas e necessidades.
Atitudes
Tatiana aponta que a distância percebida entre responsabilidade individual e governamental é um dos principais entraves para mudanças de comportamento.
Ela defende que governos e empresas precisam investir em conscientização contínua e que patrocínios de longo prazo são decisivos para transformar a relação do público com o oceano.
Currículo Azul
Christofoletti destaca a relevância de políticas públicas como o Currículo Azul, que integra educação oceânica ao ensino brasileiro e fortalece a cultura ambiental.
Ele lembra que a conservação dos oceanos está diretamente ligada a todos os biomas, reforçando a urgência de ações educativas desde a infância.
Fortalecimento de políticas
O coordenador defende o fortalecimento de políticas públicas voltadas à conservação e à cultura oceânica, afirmando que conhecimento, emoção e atitude formam o caminho para o engajamento coletivo.
Para ele, mudanças duradouras começam nas escolas e se estendem por toda a formação educacional.
Rede Biomar
Criada em 2007, a Rede Biomar reúne projetos focados na conservação marinha, pesquisa e educação ambiental ao longo do litoral brasileiro.
O Programa Maré de Ciência, referência nacional e internacional, trabalha com pesquisa, comunicação e engajamento social para aproximar a população da ciência e fortalecer políticas ambientais.



















