O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan se reunirá na próxima quarta-feira (26) para avaliar o tombamento definitivo da antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), no centro do Rio de Janeiro.
O órgão, que funcionou durante a ditadura militar, teve atuação direta na repressão, vigilância e tortura de opositores entre 1964 e 1985.
A proposta em análise reconhece o valor histórico e artístico do edifício e recomenda sua inclusão nos Livros do Tombo Histórico e das Belas Artes, ampliando sua proteção como bem cultural. A iniciativa reforça o compromisso do Iphan em preservar locais de memória essenciais para o fortalecimento da democracia.
Histórico do edifício
Construído em 1910 para abrigar a Repartição Central de Polícia, o prédio recebeu ao longo das décadas diferentes órgãos responsáveis por reprimir movimentos sociais e manifestações vistas como ameaças à ordem pública. Entre 1962 e 1975, o local sediou o DOPS-RJ, onde ocorreram prisões e torturas de presos políticos.
As instalações mantêm marcas do período, como celas e salas de interrogatório com isolamento acústico, além de registros deixados por detentos. O órgão monitorava e reprimia movimentos sociais, estudantis, sindicais, artistas e qualquer cidadão considerado opositor do regime.
A repressão promovida pelo DOPS atingiu diferentes grupos sociais, incluindo mulheres, pessoas negras e praticantes de religiões de matriz africana, que tiveram objetos de culto apreendidos.
Atualmente, uma campanha apoiada pelo Ministério Público Federal e por entidades de direitos humanos busca transformar o antigo prédio em um Centro de Memória e Direitos Humanos, dedicado à educação, à justiça e ao combate ao autoritarismo, preservando a lembrança das violações ocorridas no período.


















