Os motoristas de aplicativo no Brasil vivem uma rotina marcada por longas jornadas de trabalho e exploração, longe do conceito de empreendedores independentes. Essa é a avaliação do cientista político Leonardo Sakamoto em seu livro “O que os coaches não te contam sobre o futuro do trabalho”, escrito em parceria com o jornalista Carlos Juliano Barros.
Segundo Sakamoto, os trabalhadores foram iludidos pela ideia de autonomia plena, caindo no que ele chama de “conto do vigário”. A obra foi lançada recentemente em São Paulo e Brasília e será apresentada em dezembro no Rio de Janeiro.
Ganhos desproporcionais
O livro destaca que as plataformas digitais retêm grande parte dos recursos, deixando os motoristas com remuneração abaixo do desejado. Além disso, sem direitos trabalhistas, esses profissionais não contribuem para a aposentadoria nem têm proteção em casos de acidentes.
Apesar disso, muitos culpam a CLT pelos baixos salários e condições de trabalho, quando na verdade a responsabilidade recai sobre as empresas e o Congresso Nacional, segundo Sakamoto.
Ataque aos direitos
O autor aponta um ataque sistemático aos direitos trabalhistas, alimentado por influenciadores e políticos. O livro reúne textos produzidos nos últimos quatro anos sobre exploração e precarização no mercado de trabalho, evidenciando desrespeito às leis e diferentes formas de exploração.
Entre os problemas destacados estão o uso de trabalhadores como pessoas jurídicas (pejotas) e freelancers fixos, que exercem funções similares às de empregados sem ter direitos garantidos. Sakamoto alerta que a escravidão contemporânea ainda persiste no Brasil, mesmo com avanços tecnológicos.
Tecnologia pode também mobilizar
O pesquisador defende a mobilização dos trabalhadores para enfrentar a exploração, destacando que a tecnologia pode tanto precarizar quanto possibilitar organização. Motoristas de aplicativo e entregadores buscam garantir preço mínimo e condições de trabalho justas, usando inclusive as redes sociais para se organizar.
Proteção e escravagismo
Sakamoto ressalta a existência de forças contrárias e a presença de proteção estatal. Apesar da estrutura da Justiça do Trabalho e do MPT, ainda há pensamentos que incentivam a exploração. A PEC das Domésticas, que ampliou direitos de trabalhadores majoritariamente mulheres negras, enfrentou resistência da elite financeira.






















