Em Brasília, líderes de diferentes setores discutiram os desafios ainda presentes na desigualdade de gênero e raça dentro das empresas, reforçando como práticas de equidade impactam resultados econômicos e sociais.
A executiva Alessandra Souza, referência no setor automotivo, relembrou que no início da carreira enfrentou pressões sutis para adotar um modelo de gestão masculinizado, até compreender que fortalecer sua identidade profissional era essencial para avançar.
“A minha carreira aconteceu quando deixei de tentar me encaixar em padrões que não serviam para mim e não agregavam valor à organização”, afirmou.
A diretora Ana Paula Repezza destacou que o retorno da licença maternidade marcou um ponto decisivo em sua trajetória, trazendo novas competências para liderar e para reconhecer o potencial de outras mulheres.
“Conciliar trabalho e família nos torna líderes mais completas e mais preparadas para confiar, delegar e apoiar outras mulheres”, disse.
Política pública
Ambas atuam em instituições participantes da 7ª edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, política pública que estimula mudanças na gestão de pessoas e combate práticas discriminatórias no ambiente corporativo.
Promovido pelo Ministério das Mulheres, o programa certifica organizações comprometidas com a igualdade por meio do Selo Pró-Equidade de Gênero e Raça.
O encontro integrou um seminário nacional que avaliou o avanço das ações e discutiu estratégias para reduzir desigualdades ainda evidentes, como as apontadas pelo 4º Relatório de Transparência Salarial do MTE.
Segundo o documento, mulheres ganham em média 21,2% menos que homens. Nas 54.041 empresas analisadas, a remuneração média feminina foi de R$ 3.908,76, enquanto a masculina alcançou R$ 4.958,43.
Construção
Atualmente, 88 empresas das cinco regiões participam do programa, que já recebeu a adesão de 246 organizações ao longo de suas sete edições.
Entre elas está a Caixa Econômica Federal, onde Glenda Nóbrega, gerente de diversidade e inclusão, destacou que a mudança cultural interna é decisiva para promover oportunidades reais.
“Ter pessoas que me impulsionassem, estar preparada para as oportunidades e encontrar um ambiente favorável foram essenciais na minha trajetória”, afirmou.
Para Tereza Cristina de Oliveira, diretora da Embrapa Tabuleiros Costeiros, os efeitos vão além das empresas, contribuindo para transformações sociais mais amplas. Ela defende que mulheres em posições de liderança precisam abrir caminho para outras.
“Se não tivermos clareza de que as mudanças dependem de nosso envolvimento e das escolhas que fazemos, não avançaremos enquanto sociedade”, afirmou.




















