Congresso celebra bicentenário da associação maçônica Grande Oriente do Brasil

A sessão contou com representantes de lojas maçônicas de todo o Brasil e de vários países, como Paraguai, Reino Unido e Filipinas

Fonte: CenárioMT com inf. Agência Senado

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Pedro França/Agência Senado

Com delegações e representes de lojas maçônicas de todo o Brasil e de outras nações como Reino Unido, Estados Unidos, Bélgica, Portugal, Marrocos, México, Israel, Filipinas, Paraguai, Argentina, Uruguai, Chile, Peru e Bolívia, o bicentenário do Grande Oriente do Brasil (GOB) — mais antiga associação de lojas maçônicas no país — foi celebrado nesta sexta-feira (17) em sessão solene do Congresso Nacional.

A sessão foi requerida pelos parlamentares maçons senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e deputado General Girão (PL-RN). Lotado, o plenário na Câmara dos Deputados prestou um minuto de silêncio pela morte, na quinta-feira (16), do ex-deputado federal Arnaldo Faria de Sá.

Ao destacar o papel da maçonaria na história brasileira, Izalci lembrou os princípios iluministas — Liberdade, Igualdade e Fraternidade — que norteiam as organizações maçônicas e a luta pela paz entre as nações, tendo como propósito o ser humano.

— Nos momentos mais importantes do nosso país, como a independência, a abolição da escravatura, a proclamação da república e, mais recentemente, a luta pela redemocratização, esses bravos defensores de nossa pátria, os maçons do Brasil, foram, sobretudo, os protagonistas desses feitos. D. Pedro II, José Bonifácio, Gonçalves Ledo, José do Patrocínio, Joaquim Nabuco e o Duque de Caxias, dentre outros, são exemplos e referência para todos nós.

Para Izalci, além de homenagear os maçons de ontem, é preciso ressaltar que a nova geração deve se “incorporar à tarefa que os desafia e que exige mudanças contra as injustiças sociais que afligem e angustiam o nosso povo”.

— Está em nossas mãos, nas mãos de todos os brasileiros de bem, empreender uma verdadeira cruzada contra a discriminação, o preconceito, a falta de civismo, a corrupção e os descaminhos. Será uma luta sem trégua contra o pernicioso e crescente tráfico de drogas, que busca destruir o futuro dos nossos Uma batalha contra as mazelas que agridem e minam os fundamentos morais e espirituais da família brasileira.

Wellington Fagundes (PL-MT) afirmou que a maçonaria tem oferecido a inúmeros povos um exemplo de dedicação às melhores causas, como a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos. O senador destacou ainda a presença do Grande Oriente do Brasil em eventos importantes da história brasileira.

— Parabéns Grande Oriente do Brasil pelos seus 200 anos. Parabéns homens livres e de bons costumes que fazem a maçonaria no Brasil.

Em vídeo, o deputado General Girão afirmou que “nós maçons trabalhamos o nosso dia a dia procurando o aperfeiçoamento da nossa sociedade. Esperamos que nesse momento a maçonaria assuma o seu papel de protagonista”.

O deputado Delegado Pablo (União-AM) destacou a coincidência do bicentenário da maçonaria com o da independência do país, a ser celebrada em 7 de setembro deste ano.

—  Os 200 anos do Grande Oriente do Brasil, para aqueles que não conhecem a maçonaria, e eu preciso falar isso porque este pronunciamento fica registrado, são 200 anos de luta pelo fortalecimento do nosso país, pelo fortalecimento da nossa pátria, pela preservação dos valores que fazem a sociedade ser justa, livre e solidária, que são a família, que são amor à pátria, que são a preservação dos bons costumes. 

200 anos do GOB

Emocionado, o grão-mestre geral do Grande Oriente do Brasil, Múcio Bonifácio Guimarães, disse que já era planejado há um ano que essa seria uma das mais memoráveis sessões em homenagem à organização.

— Ao comemorar os 200 anos do GOB estamos comemorando os 200 anos da maçonaria brasileira. (…) Estamos percorrendo talvez, se não na institucionalização, mas pelo sentimento participativo, a construção de uma unidade maçônica única e indivisível no Brasil.

Para Guimarães, os ciclos históricos mostram e pontuam os caminhos e as análises que os brasileiros devem percorrer.

— Eu tenho perfeita consciência como acredito, todos nós maçons, que os eventos de 1927 e de 1973, com o surgimento das outras duas potências regulares, que estão conosco ombreando hoje os destinos da maçonaria brasileira, foram acontecimentos importantes para mostrar o pluralismo de ideias e a vontade de acertar e a vontade de trabalhar em favor do Brasil. E é isso que tem como reflexo, sobretudo esse momento histórico, que é gratificante para nós todos e que nos emociona.

O grão-mestre Assistente da Grande Loja Unida da Inglaterra e ex-prefeito da cidade de Londres, Sir David Wootton, congratulou o GOB pelo bicentenário.

— Apreciei muito conhecer a história da maçonaria no Brasil e fiquei impressionado por conhecer a contribuição da maçonaria desde o início da sociedade brasileira. Acredito que outros países têm muito o que aprender com vocês.

O grão-mestre do Grande Oriente do Distrito Federal, Reginaldo Gusmão de Albuquerque, afirmou que a “maçonaria é um centro de união que reúne pessoas tão diferentes, tão distintas, que se não fosse pela sua doutrina, estaríamos todos afastados uns dos outros”.

— A Constituição do Grande Oriente do Brasil define a maçonaria como uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, progressista e evolucionista, cujos fins supremos são liberdade, igualdade e fraternidade. Ela é progressista porque todos os seus dirigentes e os seus integrantes, desde o início da fundação do Grande Oriente do Brasil até a presente data, primam pelo progresso da humanidade buscando sempre o avanço para uma sociedade melhor e mais fraterna.

A partir da premissa da maçonaria ser uma escola de moral e ética, o secretário-geral da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, Aldino Brasil de Souza, afirmou que a instituição nunca teve o objetivo de mudar o mundo.

—  O objetivo da maçonaria é melhorar o homem. O homem, sim, pode melhorar o mundo. Falamos aqui de história do Brasil e de muitos personagens, todos homens, todos maçons. A instituição não faz a mudança de que a sociedade precisa, mas o maçom, sim, ele faz.

Presidente da Confederação Maçônica do Brasil, Vanderlei Geraldo de Assis destacou que o objetivo da maçonaria “é fazer homens livres, de bons costumes, pegar os bons e torná-los melhores”.

— É porque nós temos um propósito e esse propósito só poderá ser feito através da nossa política. Colocar esses homens bons e melhores para que difundam, disseminem os nossos valores morais e éticos e cíveis pelo nosso Brasil.