A Comissão de Direitos Humanos (CDH) debate na manhã desta segunda-feira (6) boas práticas no combate à violência contra a mulher. A senadora Leila Barros (Cidadania-DF), que sugeriu e preside a audiência pública, destacou que as boas práticas precisam ser divulgadas para incentivar novas experiências.
— As boas práticas têm que ser comunicadas o mais amplamente possível, para serem imitadas, no melhor sentido da palavra, e servirem de estímulo à inovação. E onde estão as boas práticas? Elas estão onde estão nosso coração, nossa empatia e nossa capacidade de pensar no serviço que prestamos uns ao outros em sociedade — disse Leila Barros.
O debate contou com a presença de Ilana Trombka, diretora-geral do Senado. Ela destacou o programa desenvolvido pela Casa, que prevê uma cota de 2% para a contratação, nos contratos de terceirização, de mulheres vítimas de violência familiar.
— Um ambiente precisa estar preparado para isso. A violência que atinge esse grupo não é algo que passa com o fim da violência física ou com o afastamento do agressor. A violência deixa marcas indeléveis na alma, na vida e no comportamento dessa mulheres. Toda e qualquer organização que se propõe a absorvê-las precisa ter esse entendimento. Essa cota não foi interessante apenas para as mulheres e suas famílias, mas deu uma contribuição importantíssima para nosso ambiente de trabalho — afirmou.
Segundo Ilana Trombka, 34 das 60 vagas disponíveis no Senado para a contratação de mulheres vítimas de violência estão preenchidas. Para a diretora-geral, a contratação de novas profissionais pode ser acelerada com programas de capacitação.
— Não conseguimos ainda contratar mulheres eletricistas, marceneiras, técnicas em ar condicionado ou em audiovisual. Isso mostra uma questão bastante cultural: as mulheres são normalmente direcionadas a um tipo de área. Por isso temos menos mulheres engenheiras: porque temos menos mulheres estimuladas a entrar nessas áreas — avaliou.
Capacitação de profissionais
A major Renata Braz das Neves Cardoso é coordenadora-geral de Articulação Nacional de Combate à Violência contra as Mulheres do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Na audiência, ela destacou a necessidade de campanhas de capacitação para os profissionais de segurança pública que atuam no atendimento de mulheres vítimas de violência.
— São necessárias ações nas instituições, principalmente naquelas que são as primeiras a receber as mulheres vítimas de violência. Desenvolvemos a Operação Maria da Penha, para sensibilizar o atendimento do serviço 190 e para que mulheres em situação emergencial de emergência recebam essa primazia no atendimento.
Renata Cardoso relatou que, em um mês de operação, foram quase 80 mil chamadas de violência doméstica e familiar em nível nacional.
— A gente precisa voltar nosso olhar para a capacitação desses profissionais, para que eles estejam em condições de fazer um atendimento acolhedor e não revitimizante. Para que a mulher possa ser encaminhada para a rede de atendimento — salientou.
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