A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) esteve no Palácio Guanabara para discutir com o governador Cláudio Castro a alta letalidade da Operação Contenção, que deixou 122 mortos na Penha no fim de outubro. A missão internacional permanece no Rio até sábado para ouvir familiares das vítimas e moradores que presenciaram a ação policial.
O chefe da comitiva, José Luis Caballero, destacou que a presença no Brasil se deve ao impacto da operação, considerada por ele de “letalidade altíssima”. A CIDH, vinculada à OEA, reforçou que busca estimular políticas de segurança baseadas no respeito aos direitos humanos, com foco também no combate ao circuito financeiro do crime.
Segundo Caballero, o encontro com o governador foi avaliado como cordial. A missão já teve reuniões em Brasília e mantém diálogo com diferentes níveis de governo para construir um panorama completo do caso. Ao final da visita, a comissão pretende entregar um informe com recomendações para melhorar práticas policiais e ampliar a cooperação técnica.
Caballero afirmou que o relatório deve ser divulgado nas próximas semanas, com propostas consideradas concretas e de curto prazo.
Operação Contenção
A operação, realizada em 28 de outubro, tinha como alvo mandados contra chefes do Comando Vermelho e mobilizou mais de 2 mil agentes. Nesta semana, o Ministério Público denunciou seis policiais militares por ações ilegais durante a incursão, incluindo obstrução de câmeras corporais, furto de armamentos e constrangimento a moradores.
Logo após a operação, a CIDH criticou o número de mortes e cobrou uma investigação independente, abrangendo toda a cadeia de comando, além de reparação às vítimas. A entidade também apontou que a ação reproduz um padrão recorrente de violência policial, lembrando que as forças de segurança do Rio registraram 1,2 mil mortes entre janeiro de 2024 e agosto de 2025, com maioria de vítimas negras.



















