Após aprovação do Orçamento, deputados pedem que Bolsonaro explique como cumprirá teto de gastos e meta fiscal

Fonte: CENÁRIOMT

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Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Deputados federais de 10 partidos enviaram carta ao presidente Jair Bolsonaro na qual pediram que o governo informe as medidas que serão adotadas para cumprir as regras fiscais neste ano sem cometer crime de responsabilidade – que pode ser punido com impeachment.

Os parlamentares que assinaram a carta são filiados ao Novo, DEM, PSD, PSB, PSL, PSDB, PV, Avante, PDT E PT.

A carta tem data de sexta-feira (26), um dia depois de o Congresso Nacional aprovar o Orçamento de 2021, que segue para sanção de Bolsonaro. O texto estabelece que o déficit primário nas contas públicas poderá chegar a R$ 247,1 bilhões.

O texto aprovado foi alvo de críticas pois, segundo técnicos legislativos, os parlamentares adotaram manobras para maquiar o valor das despesas obrigatórias em 2021.

Segundo analistas ouvidos, esse orçamento não tem parâmetros realistas, o que fará com que a área econômica do governo realize um forte bloqueio de despesas para cumprir as regras fiscais.

Conforme economistas, o Legislativo efetuou manobras contábeis para aumentar as emendas parlamentares — instrumento que os congressistas dispõem para destinar mais recursos aos seus projetos nos estados e municípios.

Com as alterações, o Congresso cortou R$ 26,45 bilhões em gastos para inflar as emendas parlamentares previstas para este ano, para cerca de R$ 46 bilhões — 2022 é ano eleitoral para deputados, senadores e presidente da República.

Na carta enviada a Bolsonaro, os parlamentares pediram que o presidente esclareça ao Congresso e ao país quais medidas “serão tomadas para se fazer cumprir o teto de gastos e a meta de resultado primário de 2021, para que não incorra em crime de responsabilidade”.

O teto de gastos é um mecanismo pelo qual a maior parte das despesas orçamentárias não pode subir acima da inflação do ano anterior.

A carta registrou que, conforme dados do Ministério da Economia, o governo terá de adotar medidas para cumprir o teto de gastos e a meta de fiscal sem recorrer ao que ficou conhecido por “pedaladas fiscais”.

Os deputados disseram na carta que alertaram, durante a sessão na qual o orçamento foi aprovado, sobre o risco de aprovar “um orçamento fictício e não condizente com a realidade do governo federal”.

 

O grupo ressaltou que a base do governo concordou com o texto do orçamento em “condições precárias”, o que foi uma “grande irresponsabilidade com as contas públicas do país, produzindo um orçamento que não condiz com a realidade e não tem como prioridade a saúde pública ou qualquer medida relacionada à pandemia da Covid-19”.

“Solicitamos assim o detalhamento por parte do governo federal das providências a serem tomadas para o devido ajuste das contas, explicitando as áreas que serão afetadas, de forma transparente. Pedimos, ainda, a adoção de medidas que mitiguem os danos que essas manobras possam causar à população, que vive atualmente em estado de insegurança com a crise causada pela pandemia do coronavírus”, diz trecho da carta, que pediu uma resposta “urgente” do presidente.

Leia a íntegra da carta

 

Assunto: pedido de esclarecimento sobre as medidas a serem tomadas para o cumprimento do teto de gastos e a meta fiscal com a aprovação da Lei Orçamentária de 2021

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Os Deputados Federais abaixo assinados solicitam ao Presidente da República Federativa do Brasil que seja esclarecido ao Parlamento e à nação Brasileira quais medidas serão tomadas para se fazer cumprir o teto de gastos e a meta de resultado primário de 2021, para que não incorra em crime de responsabilidade.

Como alertado pelos signatários deste documento, durante a sessão plenária do Congresso em que o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2021 foi aprovado, no dia 25 de março de 2021, havia o risco de estarmos aprovando um orçamento fictício e não condizente com a realidade do Governo Federal.

No Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias relativo ao 1º bimestre de 2021 enviado ao Congresso, o Ministério da Economia alertou para um rombo de R$ 17 bi no Orçamento com despesas primárias. Ou seja, será necessário promover ajustes com base na nova estimativa para as despesas primárias obrigatórias em 2021. No entanto, ignorando este fato, o Congresso cortou mais R$ 26 bilhões em despesas primárias obrigatórias para viabilizar o aumento de R$ 3 bi para R$ 30 bi no valor concentrado nas mãos do relator. Isso significa que a previsão de gastos primários obrigatórios feitos pelo Ministério da Economia possui uma diferença de R$ 43 bilhões em relação ao que foi aprovado na LOA 2021, o que exigirá medidas do Governo Federal para cumprir o teto de gastos e a meta de fiscal sem que se recorra às chamadas “pedaladas fiscais”.

Ressalta-se que a base do governo na Câmara e no Senado Federal se manifestou pela aprovação da PLOA 2021 nesses moldes, estando de acordo com as condições precárias do texto. O ato foi de grande irresponsabilidade com as contas públicas do país, produzindo um orçamento que não condiz com a realidade e não tem como prioridade a saúde pública ou qualquer medida relacionada à pandemia da Covid-19.

Solicitamos assim o detalhamento por parte do governo federal das providências a serem tomadas para o devido ajuste das contas, explicitando as áreas que serão afetadas, de forma transparente. Pedimos, ainda, a adoção de medidas que mitiguem os danos que essas manobras possam causar à população, que vive atualmente em estado de insegurança com a crise causada pela pandemia do coronavírus.

Essas medidas são essenciais para o projeto de nação com o qual o governo se comprometeu nas eleições de 2018, para que se conduza o país a um cenário de melhoria das condições de vida dos brasileiros.

Na expectativa de uma resposta urgente para as questões aqui apontadas, subscrevem.

FIM

Sou Dayelle Ribeiro, redatora do portal CenárioMT, onde compartilho diariamente as principais notícias que agitam o cotidiano das cidades de Mato Grosso. Com um olhar atento para os eventos locais, meu objetivo é informar e conectar as pessoas com o que acontece em suas cidades. Acredito no poder da informação como ferramenta de transformação e estou sempre em busca de trazer conteúdo relevante e atualizado para nossos leitores. Vamos juntos explorar as histórias que moldam nosso estado!