Requerida pelo deputado estadual Wilson Santos (PSD), a Expedição Fluvial no Rio Cuiabá com intuito de diagnosticar as condições do rio teve início na manhã desta segunda-feira (16). Além do parlamentar, fazem parte da comitiva pesquisadores, representantes do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Cuiabá, Marinha do Brasil – Capitania Fluvial de Mato Grosso, entre outros.
A jornada pretendida inclui percorrer as águas do rio da nascente à foz e deve terminar no próximo sábado (21) no encontro do rio Cuiabá com o rio São Lourenço. A partida foi dada na barragem do rio Manso. “Queremos fazer um raio-x do rio, saber o que agride, quais são os riscos para um dos principais rios desse país, como também ver a parte de infraestrutura, recuperação de estradas, incentivo ao turismo”, resume Wilson Santos.
Entre os problemas que devem ser investigados, o deputado citou a situação do esgoto depositado no rio, a questão dos peixes e a intenção de discutir o impacto que teria a construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). “Serão mais de dez reuniões ao longo desta expedição. Serão ouvidos autoridades e interessados, prefeitos, vereadores, secretários, pescadores, fazendeiros, sitiantes, chacareiros, cientistas”, adianta Santos.
“A extensão total dessa expedição é de 718 km e nós vamos inspecionar a situação de uso e ocupação das margens do rio, a situação das comunidades ribeirinhas e também registrar possíveis danos ambientais que a gente localizar”, informa o pesquisador da Universidade Federal da Mato Grosso (UFMT) e representante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Cuiabá, Jose Álvaro da Silva.
Para o pesquisador Chico Monteiro, também conhecido como Chico Peixe, a história de um povo pode ser contada a partir do rio que margeia aquela comunidade. “A ventrecha de pacu, a mujica de pintado, o cururu, siriri foi o rio Cuiabá que nos deu. Eu entendo essa expedição como uma conscientização, para mostrar a importância [do rio], e para que o poder público entenda que tratar resíduos líquidos e sólidos é uma necessidade primária. A riqueza só existe por conta de recursos naturais”, argumenta.
A primeira reunião realizada pela comitiva foi na comunidade Padilha, de Chapada dos Guimarães. Os moradores do local apresentaram demandas em relação ao transporte e se mostraram contra a instalação de PCHs no rio Cuiabá. “Estamos um pouco isolados, já são anos que a prefeitura não arruma nossa estrada, o que nos prejudica muito. A gente precisa de atenção para conseguir plantar, colher e também o cuidado do rio para não destruir os peixes”, reclama o agricultor Valdinei da Silva. “A construção de PCHs para o povo da região não tem benefício, só prejuízo. Peixe nosso não se reproduz mais quando tem usina, já foi feito experimento que mostra isso”, conclui.