A Abin apresentou um relatório que antecipa os principais desafios para a segurança do Estado e da sociedade em 2026, reforçando a necessidade de atuação preventiva em um cenário global de rápidas transformações. O documento reúne análises de especialistas e instituições que avaliaram riscos relacionados ao clima, tecnologia, demografia e disputas internacionais.
A proteção do processo eleitoral e os ataques cibernéticos impulsionados por inteligência artificial aparecem entre as principais preocupações, especialmente diante das eleições gerais previstas para 2026. A agência alerta para tentativas de deslegitimação das instituições democráticas, além da influência do crime organizado e de possíveis interferências externas.
A publicação destaca cinco frentes consideradas estratégicas: segurança eleitoral, transição para criptografia pós-quântica, ataques cibernéticos autônomos com IA, reconfiguração das cadeias globais de suprimentos e dependência tecnológica. O relatório também compara os riscos projetados para 2025, que envolviam o agravamento da crise climática e a intensificação da competição entre potências.
Segundo o diretor-geral Luiz Fernando Corrêa, o ambiente geopolítico atual é marcado pelo uso de instrumentos econômicos como pressão política e por ameaças militares na América Latina. A corrida global pela liderança no desenvolvimento de IA intensifica esse cenário.
Para a Abin, o mundo atravessa um período de reconfiguração, impulsionado por mudanças climáticas, tecnológicas e demográficas, refletindo uma ordem internacional em transformação. A agência observa ameaças complexas ao processo eleitoral, estimuladas por desinformação em larga escala e manipulação de massas.
O relatório também ressalta os impactos da Era Digital e a necessidade de garantir soberania tecnológica. Entre os desafios estão a dependência de hardwares estrangeiros e o poder concentrado das big techs, que controlam dados estratégicos. Apesar disso, o Brasil tem avançado em cibersegurança, desenvolvendo tecnologias como aplicativos governamentais com criptografia pós-quântica.
A evolução da IA pode torná-la um agente capaz de planejar e executar ataques de forma autônoma, elevando o risco de incidentes cibernéticos com potencial de conflito militar. A Abin reforça a importância de especialistas em criptografia para proteger comunicações sigilosas e transações digitais, sobretudo diante da futura obsolescência da criptografia de chaves públicas.
A agência considera urgente a adoção de algoritmos pós-quânticos nacionais e alerta para vulnerabilidades derivadas da dependência de provedores estrangeiros em infraestrutura crítica. Entre os riscos estão espionagem, guerra cognitiva e acesso indevido a dados sensíveis.
A reconfiguração das cadeias globais de suprimento também integra os desafios citados. Esse movimento, impulsionado pela disputa entre China e EUA e pela pandemia, ampliou a desglobalização e expôs fragilidades econômicas. Para o Brasil, a dependência simultânea do mercado chinês e do capital ocidental cria pressões adicionais.
No campo climático, a Abin lembra que 2024 foi o ano mais quente já registrado e que os desastres ambientais se intensificam no país, com prejuízos bilionários anuais. A segurança alimentar também preocupa, com estimativas de agravamento de pragas agrícolas até 2100, além dos impactos da elevação do nível do mar sobre áreas costeiras.
A transição demográfica, marcada pelo envelhecimento populacional e pela saída de profissionais qualificados, tende a afetar setores estratégicos. Ao mesmo tempo, a migração para o Brasil traz desafios para serviços essenciais e segurança nas fronteiras. No entorno sul-americano, a disputa global por recursos estratégicos torna a região mais sensível a tensões geopolíticas.




















