O mercado spot de açúcar cristal branco em São Paulo registrou baixa liquidez na última semana, de acordo com levantamento realizado pelos pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A comercialização do produto, especialmente do tipo Icumsa 150, mostrou-se limitada, uma vez que as usinas continuam a direcionar boa parte de sua produção para o mercado externo. Apesar disso, a demanda interna não deu sinais de aquecimento, com muitos compradores relatando estoques confortáveis e, portanto, uma menor necessidade de realizar novas aquisições.
Os dados do Cepea revelam que, entre os dias 29 de julho e 2 de agosto, a média do Indicador CEPEA/ESALQ para o açúcar cristal branco, com coloração Icumsa de 130 a 180, ficou em R$ 132,78 por saca de 50 kg. Este valor representa uma ligeira queda de 0,19% em relação à semana anterior, refletindo a estabilidade do mercado em face de uma oferta restrita e de uma demanda interna que não se mostrou robusta o suficiente para influenciar significativamente os preços.
A baixa liquidez é atribuída à estratégia das usinas em manter uma oferta controlada no mercado interno, priorizando as exportações do tipo Icumsa 150, que possuem maior demanda internacional. Este movimento ocorre em um contexto onde o mercado global apresenta oportunidades mais lucrativas, estimulando as usinas a destinarem parte considerável de sua produção para atender clientes fora do Brasil.
Exportações em alta: crescimento de 40,7%
Enquanto o mercado doméstico de açúcar cristal branco experimenta estabilidade, as exportações brasileiras do produto registram um crescimento expressivo. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou 19,946 milhões de toneladas de açúcar de janeiro a julho deste ano, representando um aumento de 40,7% em relação ao mesmo período de 2023. Este salto nas exportações sublinha a forte demanda internacional pelo açúcar brasileiro, em parte impulsionada por flutuações cambiais que tornam o produto nacional competitivo no exterior.
Impacto da estratégia de exportação
A decisão das usinas em direcionar maior volume de açúcar Icumsa 150 para o mercado externo não apenas atende a essa crescente demanda, mas também se beneficia de preços geralmente mais atrativos nos contratos internacionais. Essa estratégia, no entanto, tem um efeito direto sobre o mercado interno, onde a oferta limitada mantém os preços relativamente estáveis, apesar da ausência de pressão por parte dos compradores locais.
Especialistas do setor apontam que a priorização das exportações pode ser vantajosa para o Brasil em termos de receita e participação de mercado global, mas também sugere que o abastecimento interno precise ser gerenciado cuidadosamente para evitar desequilíbrios que possam impactar os consumidores finais. A alta competitividade do açúcar brasileiro no mercado internacional continua sendo um fator decisivo na orientação das políticas de venda das usinas, moldando assim o comportamento do mercado doméstico.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar do bom desempenho nas exportações, o mercado interno de açúcar enfrenta desafios que requerem atenção. A estabilidade dos preços e a limitada liquidez podem indicar um mercado pouco dinâmico no curto prazo, a menos que haja mudanças significativas na demanda ou na política de oferta das usinas. Além disso, o cenário internacional pode trazer incertezas, como mudanças nas tarifas de importação por parte de países compradores ou flutuações abruptas nos preços do açúcar em bolsas de commodities.
A médio e longo prazo, a capacidade do Brasil em sustentar seu crescimento nas exportações de açúcar dependerá não apenas de sua competitividade de preço, mas também de sua capacidade de adaptar-se às exigências de qualidade e sustentabilidade cada vez mais exigidas pelo mercado global. Por outro lado, a manutenção de um equilíbrio entre o mercado interno e externo será crucial para assegurar que os preços domésticos não sejam adversamente afetados pela concentração de esforços no front das exportações.
O mercado de açúcar cristal branco em São Paulo continua a enfrentar um cenário de baixa liquidez, com a oferta restrita e uma demanda estável que mantém os preços praticamente inalterados. As exportações continuam a ser o principal motor de crescimento para o setor, com números expressivos que reforçam o papel do Brasil como líder mundial na produção e exportação de açúcar. Para os próximos meses, a atenção estará voltada para como as usinas vão equilibrar suas estratégias de vendas entre os mercados interno e externo, num esforço para maximizar os ganhos sem comprometer a estabilidade do mercado local.