“Este primeiro momento de reunião da cadeia produtiva do trigo de São Paulo foi muito importante, pois pudemos incluir diversos temas de interesse do setor, como, por exemplo, a mensuração da safra para números mais exatos junto à Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) e ao Instituto de Economia Agrícola (IEA)”, aponta o Presidente da Câmara Setorial, Ruy Zanardi.
Volumes recordes de safra registrados no Brasil e na Rússia, além da colheita na Austrália, que superou as expectativas do país, permitiram a produção mundial de 784 milhões de toneladas de trigo em 2022/23, de acordo com o USDA.
Fatores que vão influenciar o trigo a nível mundial em 2023:
– Na Ucrânia, aproximadamente um terço de toda área de produção do cereal está ocupada pela Rússia. Nesse sentido, presume-se a produtividade e o volume da safra sejam afetados por conta desse cenário, trazendo um ponto de interrogação para esse importante exportador de trigo.
– A Rússia teve um ano excelente para suas safras de forma geral. Porém, as exportações de trigo começaram de forma mais tímida, com números inferiores a 2021/22. O país precisa acelerar suas vendas externas para atingir o resultado esperado de 43 milhões de toneladas em 2023. Por esse atraso, os preços, principalmente do trigo russo, estão em queda.
– Já a Argentina, que teve uma intensa quebra de safra em 2022, espera uma retomada da normalidade no que diz respeito ao cultivo em 2023. Porém, o mercado para o trigo argentino teve alterações em função dessa redução, ficando mais restrito ao Brasil, ao Chile e à Indonésia.
Trigo no Brasil
A estimativa feita pela Stonex indica que 11 milhões de toneladas de trigo foram produzidas no Brasil em 2022. Em São Paulo, o cereal cultivado se destacou para o uso na indústria moageira, que o processa para a produção de farinha para as diferentes finalidades do dia a dia.
“De forma geral, o volume nacional cresceu com boa qualidade, o que permitiu a chegada dessa commodity para novos mercados. No entanto, a demanda por importação não cessou no país, inclusive, pela primeira vez na história das importações brasileiras, o trigo russo ultrapassou o cereal de origem dos Estados Unidos, em função dos baixos preços do grão produzido na Rússia”, explica Douglas Araújo, especialista em trigo.
Safra 2023 de trigo em São Paulo
A projeção inicial para a safra paulista do cereal segue o resultado obtido em 2022 de 500 mil toneladas produzidas.
“A questão climática ainda é uma incógnita para o nosso estado esse ano e pode fazer com que esse número varie”, alerta Ruy Zanardi.
Um dos pontos de destaque é melhoramento genético das sementes de trigo ao longo dos anos para a evolução dos resultados quantitativos e qualitativos da produção de trigo em São Paulo.
“Questões de estabilidade em condições climáticas adversas e sanidade estão sempre na mente dos produtores. Variedades cada vez mais resistentes principalmente ao oídio e à brusone são atrativas para os triticultores paulistas”, reforça o o especialista Deodato Junior.
Para o especialista em genética, Luan Gustavo, o produtor sempre busca as variedades que oferecem melhor rendimento e, consequentemente, rentabilidade à lavoura.
“Características como estatura mais baixa, palha forte, resistência a doenças, tolerância à germinação na espiga e melhor qualidade industrial norteiam o trabalho para levarmos cultivares cada vez mais modernas e competitivas para São Paulo”, completa.
Tendência do Clima para o trigo
Fortes instabilidades estão se formando sobre o centro-sul do Brasil e até o final de semana estão previstas chuvas fortes, que podem ultrapassar 50mm, e há risco para tempestades com rajadas e vento e eventual queda de granizo em áreas produtoras entre Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e sul de Minas Gerais. Apesar das chuvas mais expressivas nestas áreas, não há previsão para o tempo completamente fechado e chuvoso, mas ainda assim os episódios fortes de chuva podem impactar momentaneamente as atividades com o trigo e a colheita da soja e continuar atrasando a instalação do milho segunda safra, especialmente entre o Paraná e Mato Grosso do Sul.
Chuvas fortes e mais abrangentes são esperadas sobre o Norte do Brasil. No interior do Amazonas pode chover mais de 70mm no decorrer dos próximos 5 dias e também há risco para fortes tempestades entre Roraima, norte do Paraná, Amapá e norte do Maranhão, devido a atuação da Zona de Convergência Intertropical.
Já sobre a maior parte do Brasil Central, incluindo Mato Grosso e Goiás, e no interior do Matopiba são esperados episódios de chuva mais isolados e alternados com períodos de melhoria, que possibilitam as atividades no campo.
Enquanto isso, na metade norte de Minas Gerais, assim como no Espírito Santo e grande parte da Bahia a expectativa é de uma semana de tempo mais firme e com temperaturas elevadas. Nestas a umidade do solo esta caindo rapidamente, especialmente no interior da Bahia, e prejudica lavouras em desenvolvimento. As chuvas devem aumentar sobre as áreas mais ao norte do Brasil a partir do próximo final de semana e deve voltar a chover de forma frequente e com volumes maiores sobre as áreas produtoras do norte de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia no decorrer da próxima semana.