Produzir mel de abelha aliada à atividade da aplicação de defensivos agrícolas utilizando aeronaves pode se tornar um entrelaçamento de rotina em Mato Grosso. De primeiro momento, para muitos, pode até parecer algo insustentável, porém, a união de esforços entre apicultores da cidade de Sorriso-MT, com aviadores agrícolas da região tem mostrado bons resultados.
A ideia é construir uma relação amigável entre a agricultura – base da economia da região – com a apicultura, atividade essa, que mesmo ainda pequena, vem ganhando notoriedade e despertando o interesse na criação de projetos voltados para a boa prática das atividades conjuntamente.
Nesta sexta-feira, 21 de maio de 2021, uma comitiva formada por representantes da aviação agrícola e apicultores visitou a propriedade da família Nericke, localizada às margens do rio Teles Pires, em Sorriso. Na oportunidade o Deputado Estadual Gilberto Cattani participou do encontro a pedido do aviador agrícola, Comandante Antônio Carlos da Silva, visando fortalecer a luta em favor da proteção às abelhas.
Entusiasta com o projeto, Valmir Nericke e família está produzindo cerca de 50 kg de mel por ano e pretende ampliar a produção. Para isso, um grupo de pequenos apicultores está em constante conversa para a criação de uma cooperativa na região.
De acordo com Valmir, há relatos de que em propriedades rurais aonde existe a atividade de apicultura, a produtividade da soja, por exemplo, teve aumento de 10% a 15%, graças à ação das abelhas nas flores da planta.
Para desmistificar a ideia de que a aplicação de defensivos, através do uso de aeronaves cause a morte das abelhas, a união entre ambas às atividades é fundamental.
“Para a boa produção do mel é preciso que o apicultor tenha todo o manejo correto com as abelhas. E em relação à aplicação dos defensivos com aviação, nós já temos combinando com os pilotos e fazendeiros, que ao menos três dias antes de serem aplicados os produtos, que nos comuniquem, e assim, nós fechamos as colmeias evitando que as abelhas saiam a campo. Depois que passar o efeito do produto, liberamos as abelhas para ir à procura do pólen”, descreveu Nericke.
“O diálogo entre produtores rurais, aviadores e apicultores é a chave para uma relação produtiva entre agricultura e apicultura”, afirmou Comandante Antônio Carlos da Silva, aviador agrícola há 25 anos.
“A aviação, além consumir 10 vezes menos, ou seja, 1.000% menos água potável do que a aplicação feita com o uso de tratores, ela quer ser amiga do meio ambiente e consequentemente das abelhas. O sucesso dos apicultores é a nossa alegria e isso prova que estamos (aviação agrícola) contribuindo com o meio ambiente, com a natureza”, ressaltou Antônio Carlos.
“O pessoal que trabalha com apicultura, somente precisar estar atento ao manejo adequado das abelhas e o Valmir é a pessoa especialista nisso. Estou em contato com o Deputado Estadual Gilberto Cattani para que qualifique o Valmir junto ao Senar, e assim ele possa dar suporte às 500 famílias que irão participar desse projeto”, declarou o aviador.
“Se cuidarmos da abelha da maneira correta, unidos às parcerias que estamos tendo agora, teremos no futuro próximo a atividade da apicultura em grande escala aliada a agricultura e a aviação agrícola”, finalizou Valmir Nericke.
No passado a aviação agrícola era acusada de provocar mortalidade de abelhas. Incidentes ocorriam porque não havia informação segura sobre localizações de colmeias nas proximidades de lavouras.
“Aqui em Sorriso estamos vendo que os apicultores estão aprendendo o manejo correto com as abelhas, de maneira excepcional juntamente com a aviação agrícola. Tanto é que eles produzem o mel no tempo da safra da grande agricultura. Viemos em loco conferir e vemos que é possível essa parceria entre apicultura, agricultura e aviação agrícola”, argumento Cattani.
https://www.cenariomt.com.br/mato-grosso/comissao-aprova-uso-de-avioes-agricolas-no-combate-a-incendios-florestais/
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