Humberto Silva, empresário do setor de saúde, foi preso em Cuiabá no fim de novembro durante uma operação da Polícia Federal, acusado de integrar um esquema que desviou R$ 22,5 milhões de recursos públicos da Saúde, com impacto direto em serviços hospitalares. A prisão ocorreu no Hotel D’Luca, na capital de Mato Grosso, e resultou no bloqueio de bens e contas ligados ao investigado.
Segundo as apurações, o dinheiro que deveria abastecer unidades de saúde foi direcionado para uma rotina de alto padrão, com viagens internacionais, festas em imóveis de luxo e a aquisição de veículos e outros bens. O caso ganhou repercussão nacional após reportagem exibida no Fantástico, no domingo (21), detalhar o funcionamento do esquema.
As investigações indicam que Humberto Silva é proprietário do Centro de Reabilitação Psicossocial de Cuiabá (Creap) e teria participado de um arranjo criminoso envolvendo organizações sociais responsáveis pela gestão de hospitais. De acordo com a Polícia Federal, os desvios atingiram recursos da saúde de municípios do Rio Grande do Sul e de São Paulo, afetando diretamente o atendimento à população.
Conforme informações da apuração, parte significativa dos valores desviados sustentou viagens ao exterior e a compra de um apartamento à beira-mar em Balneário Camboriú. A investigação também aponta que familiares do empresário foram beneficiados com pagamentos sem a efetiva prestação de serviços.
A atual esposa do investigado, Maíne Baccin, teria recebido salário mensal de R$ 23 mil sem exercer atividades no instituto. A ex-esposa, segundo a Polícia Federal, também foi favorecida, com despesas como aluguel custeadas pela entidade vinculada ao esquema.
Como funcionava o esquema investigado
De acordo com dados levantados pela Polícia Federal, o esquema envolvia o Instituto Riograndense de Desenvolvimento Social Integrado (IRDESI), organização social responsável pela administração de hospitais. Entre 2022 e 2025, o instituto recebeu cerca de R$ 340 milhões, principalmente da Prefeitura de Embu das Artes, em São Paulo, com recursos federais.
Segundo os investigadores, parte desse montante era desviada por meio de empresas de fachada, que emitiam notas fiscais referentes a serviços que não teriam sido prestados. O dinheiro, conforme a apuração, retornava aos integrantes do esquema e era usado para despesas pessoais e manutenção do padrão de vida elevado.
A reportagem exibida na televisão também mostrou o contraste entre o uso indevido dos recursos e a realidade das unidades de saúde administradas pelo instituto. Em alguns locais, havia relatos de falta de medicamentos e de equipamentos básicos para atendimento de pacientes.
Impactos e medidas judiciais
Em Jaguari, no Rio Grande do Sul, um idoso morreu após não conseguir realizar uma nebulização devido à ausência de um equipamento considerado de baixo custo. O episódio foi citado como exemplo das consequências do desvio de verbas destinadas à saúde pública.
Até o momento, a Justiça determinou o bloqueio de 14 imóveis, 53 veículos, uma lancha e contas bancárias ligadas aos investigados. As defesas mencionadas nas reportagens informaram que irão analisar os autos e ressaltaram o princípio da presunção de inocência.
A Prefeitura de Embu das Artes declarou que, caso as irregularidades sejam confirmadas, a responsabilidade recai sobre a organização social contratada. As investigações seguem em andamento, sob condução da Polícia Federal, que apura a participação de outros empresários no esquema.






















