Planalto reage à pré-candidatura de Flávio Bolsonaro e avalia impacto na disputa presidencial de 2026

Fonte: Cenário

pré-candidatura de Flávio Bolsonaro
Pré-candidatura de Flávio Bolsonaro

Lançamento do nome do senador reabre debate sobre nova polarização eleitoral no país

Aliados de Lula veem repetição do cenário de 2022, enquanto centrão e mercado observam efeitos políticos e econômicos.

Na manhã desta sexta-feira, 5 de dezembro, a confirmação da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República em 2026 movimentou bastidores em Brasília. A decisão, articulada diretamente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, repercutiu de maneiras distintas entre governo, centrão e mercado financeiro, reacendendo avaliações sobre o formato da próxima disputa nacional.

No Palácio do Planalto, o anúncio foi recebido com certo alívio. Assessores próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que enfrentar um candidato do núcleo familiar bolsonarista tende a reorganizar o tabuleiro de forma semelhante à eleição de 2022, quando a rejeição mútua das principais candidaturas consolidou um duelo direto entre Lula e Jair Bolsonaro. Conforme relatou um auxiliar palaciano, um novo “clássico político” poderia favorecer a estratégia de manutenção da atual base eleitoral.

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A leitura é de que a marca Bolsonaro, apesar de ainda forte entre seus apoiadores, carrega níveis elevados de rejeição — elemento que pode limitar o avanço de Flávio em segmentos moderados do eleitorado. Esse grupo, frequentemente decisivo, costuma migrar entre campos ideológicos conforme o cenário de competitividade entre as candidaturas, como se observou em pleitos anteriores. Para outros conteúdos de análise política, o leitor pode acompanhar Cenário Político.

Temor no governo era uma candidatura mais moderada

Antes do anúncio do senador, um dos receios mais citados por integrantes do governo Lula era a possibilidade de o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assumir a cabeça de chapa da direita. Avaliado por setores do centrão e do mercado como figura mais moderada e com potencial de conquistar eleitores indecisos, Tarcísio era visto como adversário mais competitivo em um eventual segundo turno contra Lula.

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A movimentação no Planalto foi tão incisiva que interlocutores do governo reconhecem que já havia estratégia interna para associar o governador paulista ao rótulo de “bolsonarista raiz”, reduzindo sua margem de atuação entre eleitores de centro. Contudo, o cenário mudou quando o próprio Tarcísio, ainda no fim de setembro, indicou a aliados que priorizaria sua reeleição em São Paulo, evitando depender da inconstância do apoio da família Bolsonaro.

O governador chegou a alertar, em conversas reservadas, sobre possíveis impactos no mercado caso ficasse claro que ele não entraria na corrida presidencial — movimento que se confirmou com a reação da bolsa e do dólar nesta sexta-feira. Para acompanhar temas econômicos ligados ao contexto eleitoral, acesse Economia.

Reação do centrão expõe divisões internas

No bloco do centrão, a recepção à pré-candidatura de Flávio Bolsonaro foi mais fria. Líderes partidários esperavam que o ex-presidente optasse por um nome considerado mais competitivo e menos sujeito às oscilações de rejeição popular. A avaliação é de que o anúncio pode ser apenas um “balão de ensaio”, permitindo ajustes de rota ao longo de 2025.

Paralelamente, dirigentes do PSD identificam o que chamam de “janela de oportunidade” para lançar um nome alternativo que dialogue com eleitores cansados da polarização. Nesse contexto, o governador do Paraná, Ratinho Júnior, passou a ser citado com maior força como possível aposta do partido para uma candidatura de centro.

Segundo esses dirigentes, há espaço crescente entre os eleitores que não desejam optar nem por Lula nem por um representante do bolsonarismo. Essa faixa do eleitorado pode se tornar o fiel da balança caso a disputa se intensifique em termos de rejeição. Para acompanhar bastidores do Congresso e análises políticas, acesse Direto de Brasília.

Flávio Bolsonaro herda base fiel, mas enfrenta teto de rejeição

A leitura majoritária entre aliados do ex-presidente é que a escolha de Flávio Bolsonaro reforça a estratégia de preservar o capital político do sobrenome e manter mobilizada a militância de direita — mesmo após a prisão de Jair Bolsonaro, decorrente de condenação por tentativa de golpe de Estado. O senador já largaria com forte transferência de votos, garantindo presença no debate eleitoral desde o início.

Por outro lado, especialistas e lideranças partidárias avaliam que a rejeição ao bolsonarismo deve representar obstáculo significativo para o crescimento do senador além de seu núcleo duro. Esse “teto antecipado” pode determinar a dinâmica da disputa e abrir espaço para candidaturas alternativas no decorrer do próximo ano.

A pré-candidatura de Flávio Bolsonaro reorganiza forças e reabre debates sobre o futuro da eleição de 2026. Para o governo Lula, o cenário é favorável por ressuscitar a polarização que sustentou a disputa anterior. Já para o centrão e para potenciais candidatos de centro, o movimento cria novas possibilidades. A partir de agora, a articulação política ganhará ritmo maior, enquanto os partidos calibram suas estratégias diante de um quadro ainda em mutação.

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