Diretores e gerentes pretos ou pardos seguem recebendo, em média, 34% menos que profissionais brancos no mesmo nível hierárquico, segundo dados mais recentes da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE. Em 2024, a remuneração média mensal de brancos nesses cargos chegou a R$ 9.831, enquanto trabalhadores negros alcançaram R$ 6.446, uma diferença de R$ 3.385.
O levantamento, divulgado nesta quarta-feira (3), reúne informações de brasileiros com 14 anos ou mais e mostra que, embora a disparidade venha diminuindo desde 2012, quando chegou a 39%, a desigualdade permanece expressiva.
O estudo também analisou dez grandes grupos ocupacionais, revelando que a renda dos brancos é superior em todas as categorias avaliadas. Conforme o Estatuto da Igualdade Racial, a população negra engloba pessoas que se autodeclaram pretas ou pardas, grupo que representa 55,5% do país segundo o Censo 2022.
Diferenças em todos os setores
Os cargos de direção e gerência concentram a maior desigualdade salarial. Na segunda posição aparecem os profissionais das ciências e intelectuais, em que brancos recebem R$ 7.412 e negros, R$ 5.192. A menor distância está entre integrantes das Forças Armadas, policiais e bombeiros, onde a diferença é de R$ 934.
Entre os dez grupos analisados, diretores e gerentes registram o maior rendimento médio geral, com R$ 8.721 mensais.
Veja quanto brancos recebem a mais que negros:
- Diretores e gerentes: R$ 3.385
- Profissionais das ciências e intelectuais: R$ 2.220
- Trabalhadores qualificados da agropecuária e áreas afins: R$ 1.627
- Técnicos e profissionais de nível médio: R$ 1.238
- Forças Armadas, policiais e bombeiros: R$ 934
- Serviços e comércio: R$ 765
- Operadores de máquinas e montadores: R$ 503
- Construção e ofícios: R$ 477
- Apoio administrativo: R$ 451
- Ocupações elementares: R$ 262
Participação desigual no mercado
Somente 8,6% dos trabalhadores pretos ou pardos ocupam cargos de direção ou gerência, enquanto entre os brancos essa fatia chega a 17,7%. No extremo oposto, ocupações elementares — que têm rendimento médio de R$ 1.454 — concentram 20,3% dos negros e apenas 10,9% dos brancos.
Considerando a média dos dez grupos ocupacionais, uma pessoa branca recebe R$ 4.119, valor 65,9% superior aos R$ 2.484 recebidos por trabalhadores pretos ou pardos. Por hora trabalhada, brancos ganham R$ 24,60, contra R$ 15 dos negros.
A desigualdade permanece mesmo entre profissionais com ensino superior completo. A remuneração por hora de um trabalhador branco diplomado chega a R$ 43,20, enquanto a de um negro é de R$ 29,90 — diferença de 44,6%, a maior entre todos os níveis de escolaridade.
Segundo o pesquisador responsável pelo estudo, João Hallak Neto, fatores como área de atuação e progressão de carreira influenciam essas discrepâncias, já que profissionais com a mesma formação podem ingressar no mercado de maneira muito diferente.
Informalidade mais alta
O estudo mostra ainda que a informalidade atinge mais trabalhadores pretos ou pardos. Enquanto a taxa nacional é de 40,6%, entre os negros sobe para 45,6%. Entre brancos, está em 34%. Esse cenário inclui empregados sem carteira assinada, trabalhadores por conta própria e empregadores que não contribuem para a previdência.






















