O bloqueio da transmissão ao vivo do padre Frei Gilson Azevedo, membro da Congregação dos Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo, levanta questões preocupantes sobre a liberdade de expressão nas plataformas de redes sociais. O Instagram restringiu o recurso de lives na conta do frei por 30 dias, alegando que ele violou uma de suas normas. No entanto, a justificativa para o bloqueio permanece nebulosa, sem uma explicação clara por parte da plataforma, gerando indignação entre os fiéis.
Frei Gilson vinha utilizando o Instagram para conduzir suas transmissões diárias do rosário da madrugada durante a Quaresma de São Miguel, uma prática devocional que mobiliza milhares de católicos em oração. Essas lives, que ocorrem às 4h da manhã, fazem parte de uma tradição que se estende até o dia 29 de setembro, encerrando-se na festa dos arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael. O impacto do bloqueio vai além de uma simples interrupção de conteúdo religioso, pois afeta diretamente a conexão espiritual de mais de 500 mil pessoas que rezam diariamente através de várias plataformas.
Uma medida injustificável?
A ação do Instagram é vista por muitos como uma atitude desproporcional e prejudicial. O frei, que até agora não recebeu uma explicação clara sobre quais normas teriam sido violadas, questiona a decisão: “O Instagram nos bloqueou dizendo que ferimos algumas das suas normas e não podemos fazer a transmissão ao vivo. Estamos querendo entender o porquê nos barraram, porque até o momento não fomos informados.”
Essa falta de transparência por parte da plataforma reforça a impressão de que o bloqueio foi arbitrário, prejudicando não só o trabalho pastoral de Frei Gilson, mas também a liberdade religiosa e a conexão espiritual de milhares de fiéis.
O Impacto Sobre a Comunidade de Fiéis
As transmissões ao vivo de Frei Gilson no Instagram contavam com uma audiência média de 60 a 70 mil pessoas diariamente, chegando a 90 mil em algumas ocasiões. O rosário da madrugada, que é transmitido simultaneamente pelo YouTube, Facebook e pela TV Canção Nova, além do próprio Instagram, tem um total de mais de 500 mil participantes em todas as plataformas. Portanto, a decisão do Instagram impacta diretamente essa audiência, que depende dessas lives como uma forma de se conectar à sua fé.
Diante do bloqueio, a equipe do frei foi forçada a criar uma conta reserva para continuar as transmissões no Instagram. A nova conta, fg_eu_seguirei, já conta com mais de 263 mil seguidores, demonstrando o quanto os fiéis estão comprometidos em continuar acompanhando suas orações, mesmo com as dificuldades impostas.
Censura religiosa ou falta de critério?
A atitude do Instagram levanta um debate mais amplo sobre a liberdade de expressão e a presença da fé nas redes sociais. Nos últimos tempos, muitas plataformas têm sido acusadas de censurar conteúdos religiosos ou ideológicos, alegando violações de normas que muitas vezes são aplicadas de forma vaga e subjetiva.
No caso de Frei Gilson, não há evidências claras de que sua transmissão ao vivo tenha violado qualquer política que justificasse um bloqueio. Pelo contrário, trata-se de um conteúdo que promove a oração e a espiritualidade, sem disseminar desinformação ou incitar discursos de ódio. Portanto, a decisão do Instagram parece não apenas infundada, mas também um ataque à liberdade de expressão e à livre prática religiosa.
Esse tipo de censura, ainda que velada, vai contra os princípios de pluralidade e inclusão que as redes sociais alegam defender. A plataforma deveria estar promovendo um ambiente onde pessoas de todas as crenças possam se expressar livremente, desde que respeitem os limites de convivência pacífica. No entanto, ao bloquear a transmissão de Frei Gilson sem uma justificativa clara, o Instagram abre um perigoso precedente de censura.
A Importância das Redes Sociais na vida religiosa
Nos últimos anos, as redes sociais se tornaram ferramentas essenciais para líderes religiosos, que as utilizam como plataformas para disseminar mensagens de fé, esperança e espiritualidade. Especialmente durante a pandemia, quando as igrejas estavam fechadas, essas plataformas desempenharam um papel crucial em manter os fiéis conectados.
Frei Gilson é apenas um exemplo entre muitos líderes religiosos que utilizam as redes sociais para ampliar sua mensagem e alcançar mais pessoas. Sua prática devocional, transmitida diariamente, vai além do alcance físico de uma igreja e possibilita que pessoas de todo o mundo participem das orações.
No entanto, o bloqueio de sua transmissão ao vivo reflete o quanto essas plataformas podem ser frágeis e suscetíveis a decisões questionáveis que podem prejudicar milhões de pessoas.
O que esperar do Instagram?
Diante dessa situação, espera-se que o Instagram seja mais transparente em suas decisões e reveja o bloqueio imposto à conta de Frei Gilson. Afinal, a plataforma precisa estar ciente do impacto negativo que essa atitude tem causado à comunidade de fiéis, que depende das lives para manter sua prática espiritual.
É essencial que as redes sociais adotem critérios mais claros e justos ao aplicar punições e bloqueios, especialmente quando se trata de conteúdos religiosos, que são parte importante da vida de muitas pessoas. A falta de uma justificativa clara e a demora em resolver a questão são sinais de que algo precisa ser ajustado no processo de revisão de normas e políticas dessas plataformas.
O bloqueio da transmissão ao vivo de Frei Gilson no Instagram não é apenas uma questão técnica, mas um problema que afeta diretamente a liberdade de expressão e a prática religiosa de milhares de pessoas. Ao impedir o acesso a uma ferramenta crucial para a disseminação de sua mensagem espiritual, a plataforma limita a conexão de seus seguidores com sua fé.
É fundamental que o Instagram reconsidere essa decisão e restaure o direito de Frei Gilson de transmitir suas orações ao vivo. Além disso, é urgente que plataformas como essa adotem políticas mais transparentes e imparciais ao tratar de conteúdos religiosos, respeitando a pluralidade e a liberdade que afirmam defender. A espiritualidade, assim como outras formas de expressão, deve ter seu espaço garantido nas redes sociais, sem medo de bloqueios ou censura arbitrária.