A plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter, está sob fogo na Europa após ser acusada de usar ilegalmente dados pessoais de mais de 60 milhões de usuários para treinar seu modelo de linguagem artificial, o Grok. A denúncia foi feita pela organização de defesa da privacidade NOYB (None of Your Business, não, o nome não é irônico).
De acordo com a NOYB, a empresa não informou os usuários sobre o uso de seus dados para treinamento de IA e tampouco solicitou consentimento para tal prática. A organização alega que a X violou diversos artigos do GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados) ao coletar e processar dados sem base legal adequada.
A controvérsia veio à tona após um usuário descobrir uma configuração padrão na plataforma que permitia o uso de dados para treinamento do Grok. Embora a X afirme que os dados são utilizados para “refinar” o modelo e possam ser compartilhados com sua empresa de serviços, a xAI, a prática ocorreu entre maio e agosto deste ano sem qualquer aviso prévio.
A autoridade de proteção de dados da Irlanda chegou a um acordo com a X para suspender o processamento de dados pessoais até setembro, mas a NOYB considera a medida insuficiente. A organização argumenta que a investigação deve focar na legalidade da prática e não apenas em medidas corretivas.
Com uma série de queixas formais, a NOYB busca esclarecer pontos como o motivo pelo qual a X não informou os usuários sobre o treinamento do Grok por dois meses, o destino dos dados europeus já utilizados e como será feita a separação entre dados europeus e não europeus. Além disso, a organização questiona por que a plataforma ainda não solicita consentimento explícito dos usuários europeus para o uso de seus dados, como determina o GDPR.
O caso levanta importantes questionamentos sobre a transparência e ética no desenvolvimento de inteligência artificial, especialmente no que diz respeito ao uso de dados pessoais.