Em um movimento que intriga a comunidade científica, governos de todo o mundo se uniram em sigilo para impor restrições à exportação de computadores quânticos. As motivações por trás dessa decisão ainda são um enigma.
Apesar de parecerem saídos da ficção científica, computadores quânticos já são uma realidade e estão em uso por universidades e empresas de tecnologia. Apesar de suas capacidades ainda limitadas, esses dispositivos despertaram receios em governos, que secretamente firmaram um acordo para limitar sua venda para outros países.
A revista New Scientist tentou obter explicações do governo britânico sobre as restrições, mas o pedido foi recusado por questões de segurança. A princípio, a medida pode soar sensata, já que computadores quânticos, em teoria, possuem a capacidade de quebrar qualquer tipo de criptografia.
No entanto, essa possibilidade, embora teoricamente possível, ainda está longe de se tornar realidade. Os computadores quânticos atuais são básicos e suscetíveis a erros, o que os torna incapazes de realizar tal façanha. Na verdade, a tecnologia ainda está em um estágio inicial de desenvolvimento, tornando ilógica a restrição à sua exportação.
Por que restringir computadores quânticos?
É comum que governos adotem medidas cautelosas em relação a novas tecnologias, especialmente quando se trata de áreas como computação, inteligência artificial e criptografia. O receio é que outros países obtenham vantagem tecnológica.
As restrições, inicialmente anunciadas pelo Reino Unido, limitam a exportação de computadores quânticos com mais de 34 qubits (unidade básica de informação quântica) e taxas de erro muito baixas. O que chama a atenção é que outros países, como França, Espanha, Holanda e Canadá, implementaram medidas idênticas, com especificações exatamente iguais.
Embora essa similaridade possa sugerir uma iniciativa da União Europeia, o Canadá, que não faz parte do bloco, também aderiu à restrição. A embaixada francesa afirmou que os controles foram definidos com base em “negociações multilaterais conduzidas ao longo de vários anos sob o Acordo de Wassenaar”.
Este acordo controla a venda de armas e produtos com aplicações militares. O que intriga é que alguns governos considerem computadores quânticos como tal. Milan Godin, assessor da UE, sugeriu que o potencial para quebrar criptografia e aprimorar estratégias militares possa ter motivado a decisão.
Como consequência dessa medida, quem puder comprar um computador quântico provavelmente terá acesso a um modelo básico. Para instituições acadêmicas que investiram em pesquisa nessa área, isso pode significar o abandono de projetos.