Lula, Bolsonaro e as tendências de busca

Fonte: Virgilio Marques dos Santos. - FM2S

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Ano de eleição presidencial no Brasil é complicado. No segundo semestre, o país começa a viver no compasso das eleições. A dúvida de todos os brasileiros é: quem será nosso próximo presidente e o que fará pelo nosso país? Na ânsia de uma pista do que vai acontecer, apelamos para pesquisas. Outros preferem caminhar pelas ruas e fundamentar seu palpite no que observa: santinhos, camisetas, outdoors e aglomerações.

As pesquisas são as melhores opções, na minha percepção e crença. Entretanto, não são instantâneas. A voz do povo, por sua vez, é instantânea. Porém, sujeita a inúmeros erros de julgamento – que você também ficará sujeito a cometer. Entre um e outro, podemos lançar mão das pesquisas pelos candidatos no Google. Será que há relação entre os melhores colocados nas pesquisas e o número de buscas no Google? Se houver, um bom termômetro para medir de forma instantânea as chances dos candidatos pode ser uma pesquisa via Google Trends.

Para testar minha hipótese, fiz o download dos dados de busca dos quatro presidenciáveis mais bem posicionados dos últimos 5 anos. Baixei os dados de Jair Bolsonaro, Lula, Ciro e Simone Tebet. O maior número no período é normalizado para 100, o que aconteceu entre 7 e 13 de outubro de 2018 para as buscas por Jair Bolsonaro. O resto dos números é proporcional a este pico.

Como se comportou o interesse por Bolsonaro no período?

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Figura 1: Evolução das buscas no Google por Jair Bolsonaro

Pela figura 1, fica clara a evolução meteórica que o presidente alcançou em 2018. Até julho de 2018, o interesse pelo nome era 3% do que alcançou na época do primeiro turno. Então, o efeito surpresa que se alastrou pelo Brasil, também se manifestou pelas buscas no Google. O primeiro ponto fora da curva nas buscas aconteceu na semana do atentado que sofreu, com as buscas pulando de 33 para 83, algo memorável para o episódio.

Após as eleições, o interesse arrefece, crescendo um pouco durante os dias que antecederam a posse. Em seguida, a coisa acalma até março de 2020, início da pandemia.

De lá para cá, a coisa não sossega mais, pois todos os anos possuem causas especiais geradas pelo próximo presidente. Pelos dados, fica nítido que Bolsonaro balança o barco para ter pauta e ficar em evidência. Ele sequestra pauta e, com isso, gera interesse das pessoas por seu nome.

Porém, de tanto atrair a atenção para si durante todo o período, as buscas pelo seu nome nessas eleições estão bem menores do que em 2018. Se em setembro de 2018, o número de buscas era de 83, hoje não passa de 14.

E o ex-presidente Lula, como manteve o interesse no período?

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Figura 2: Evolução das buscas no Google por Lula

Pela figura 2, percebe-se que o pico das buscas por Lula no período estão concentradas em abril de 2018, ou seja, época de sua prisão. Após esse período, o ex-presidente teve certa dificuldade em permanecer nas buscas. As exceções ocorreram em novembro de 2019 e março de 2021.

E como está a comparação de Bolsonaro e Lula em 2022?

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Figura 3: Evolução das buscas no Google por Jair Bolsonaro e Lula em 2022

Pela figura 3, as buscas deste ano estão muito parecidas, com Bolsonaro levando uma pequena vantagem em termos de interesse. Vale frisar que em momento algum fiz uma correlação entre o número de buscas e os votos; apenas acho um dado interessante para aferir o interesse momentâneo em um candidato.

O Google também permite ao usuário conhecer as buscas relacionadas, isto é, quem procurou por Jair Bolsonaro ou pelo Lula, o que mais buscou? Para o ano de 2022, tem-se 15 termos mais pesquisados:

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Tabela 1: Termos de pesquisa relacionados aos candidatos

Parece, pela tabela 1, que os eleitores dos dois andam bem interessados um no outro. 12% de quem pesquisa Bolsonaro, também pesquisa Lula. Já quem pesquisa Lula, 18% também pesquisa o Bolsonaro. Pela mesma tabela, pode-se verificar pesquisas que provavelmente relacionam-se a eleitores em dúvida: governo Bolsonaro e governo Lula. Parece que esse eleitor quer informações para realizar a comparação dos dois governos para tomar a melhor decisão para o país.

O Google Trends também disponibiliza as pesquisas relacionadas que mais cresceram. Essas são importantes para medir os temas que geraram tração com os eleitores. São eles:

Bolsonaro:

●    bolsonaro debate band / debate band

●    entrevista de bolsonaro na globo / entrevista bolsonaro na globo / entrevista bolsonaro jornal nacional

●    debate bolsonaro globo

●    bolsonaro. com.br

●    bolsonaro apoia Rússia

●    bolsonaro perdoa dívida do fies

●    entrevista completa bolsonaro

Lula:

●    entrevista lula jornal nacional / entrevista de lula na globo / entrevista de lula no jornal nacional / lula no jornal nacional

●    debate band / debate de lula e bolsonaro / lula e bolsonaro debate

●    instituto lula endereço

●    casamento lula e janja

Pelas pesquisas mais quentes, o debate do consórcio de veículos de mídia na Rede Bandeirantes e a entrevista no Jornal Nacional atraíram a atenção dos interessados por ambos. Tais eventos mobilizam os eleitores e têm papel chave para a formação de opinião.

Já as fofocas, por incrível que pareça, ainda movimentam a pauta. O registro do site bolsonaro. com.br atraiu a atenção, assim como o casamento do Lula e o endereço do Instituto Lula. Além disso, as pautas quentes, como perdão de dívida do FIES e o apoio à Rússia, mexem com o público.

Para concluir, as informações que o Google Trends nos proporciona não são um registro de intenção de voto, mas um indício de como está o interesse da população com acesso à ferramenta.

Nas áreas com situações economicamente desfavorecidas, não acredito que o Google é a referência na hora de buscar uma informação sobre o candidato. Por isso, boa parte do eleitorado do Lula pode estar de fora dessa variação.

Agora, não é ao acaso que Lula e Bolsonaro lideram as buscas e as pesquisas. Nos últimos 30 dias, enquanto Bolsonaro tem uma média 25 na escala de 0 a 100, e Lula 19, Ciro possui 3 e Simone 2. É uma diferença abissal – ou seja, será complicado a “terceira via” alcançar algo. No mais é isso; olho aberto no Trends e boa eleição.

Por Adriana Arruda
Jornalista (Unesp), Doutora em Ciência, Tecnologia e Sociedade (UFSCar), Especialista em Jornalismo Científico (Unicamp)

Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.