Dois astronautas americanos ficarão na Estação Espacial Internacional (ISS) por quase duas semanas a mais do que o planejado devido a problemas técnicos com a cápsula Boeing Starliner, projetada para trazê-los de volta à Terra.
A NASA informou que Barry “Butch” Wilmore e Sunita Williams não retornarão à Terra a bordo da Starliner até 26 de junho. A nave espacial vem apresentando vazamentos de hélio e problemas no sistema de propulsão, marcando o mais recente revés para o programa espacial da Boeing, já repleto de atrasos e altos custos.
Esta missão na ISS era o primeiro lançamento espacial tripulado da Boeing após mais de uma década de planejamento, e dois voos anteriores tiveram que ser abortados em cima da hora.
Wilmore e Williams partiram da Terra em 5 de junho e chegaram à ISS no dia seguinte. Eles deveriam permanecer na estação por cerca de sete dias, mas seu retorno já havia sido adiado para esta semana.
Durante a aproximação da ISS, cinco propulsores da Starliner foram desligados automaticamente pelos computadores da nave, sendo que quatro precisaram ser religados. Além disso, o sistema de propulsão vem sofrendo pequenos vazamentos.
O novo atraso significa que a dupla passará na ISS mais do que o dobro do tempo originalmente planejado antes do retorno. A cápsula pousará no Novo México usando paraquedas.
Apesar de os problemas não serem críticos e imprevistos durante testes de espaçonaves serem comuns, representantes da NASA e da Boeing planejam analisar o veículo nos próximos dias antes de iniciar os preparativos para o retorno.
Este contratempo é mais um golpe para a Boeing, que enfrenta uma crise de segurança envolvendo o modelo 737 Max. Em janeiro, a porta de um desses aviões explodiu durante um voo sobre o Oregon, levando a um rigoroso escrutínio por parte das autoridades regulatdoras.
Na terça-feira, David Calhoun, CEO da Boeing prestes a se aposentar, foi pressionado por familiares das vítimas de dois acidentes anteriores envolvendo o 737 Max durante uma audiência no Senado dos Estados Unidos. Calhoun pediu desculpas pelas perdas, mas afirmou estar “orgulhoso” do histórico de segurança da empresa.
A ISS, que conta com uma equipe de longo prazo composta por quatro astronautas americanos e três russos, possui suprimentos de comida para vários meses, e a Starliner pode permanecer acoplada por 45 dias. Caso o retorno dos astronautas sofra mais atrasos, a partida deverá ocorrer em 2 de julho.
“Estamos aproveitando esse tempo extra, considerando que se trata de uma nave tripulada, e queremos garantir que não deixamos nada passar despercebido”, disse Steve Stich, da NASA, em entrevista coletiva. “Até o momento, não vemos nenhum cenário em que a Starliner não consiga trazer Butch e Suni de volta para casa.”
O programa Starliner da Boeing visa competir com a SpaceX de Elon Musk, responsável pelo transporte de astronautas para a ISS desde 2020. Anteriormente, a NASA utilizava cápsulas russas.
A empresa já perdeu mais de US$ 1,5 bilhão com o projeto até o momento. A Boeing ainda precisa concluir seis missões da NASA sob um contrato de US$ 5 bilhões, firmado em 2014.