A variante omicron do coronavírus preocupa as autoridades de saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela tem um grande número de mutações, algumas das quais são preocupantes.
Assim, o Grupo Consultivo Técnico da Agência sobre Evolução do Vírus classificou-o como uma variante preocupante, porque evidências iniciais indicam que o risco de ser reinfectado por essa variante é maior do que com outras variantes preocupantes. E ainda não está claro se escapa da imunidade conferida pelas vacinas.
Oito perguntas essenciais sobre a variante omicron
A comunidade científica tenta responder a todas as perguntas que surgem. Em entrevista à Efe, a pesquisadora Isabel Sola, do Centro Nacional de Biotecnologia do Conselho Superior de Pesquisa Científica, esclarece oito dúvidas essenciais sobre a nova variante do coronavírus.
1. É normal que o vírus evolua?
Que o vírus mude perfeitamente é perfeitamente esperado, mas essa variante acumulou mais mutações do que outras. Essa é a questão. Os cientistas especulam que a África do Sul é um país onde há uma alta incidência do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e muitas pessoas com um sistema imunodeficiente. Nessas condições, o vírus conseguiu evoluir mais livremente. Com um sistema imunológico mais poderoso, o vírus muda menos.
2. É mais letal ou virulento?
Não precisa. “Mais mudanças apareceram e isso significa que o vírus teve mais liberdade para mudar, e essas mutações dão ao vírus uma vantagem. Mas algumas dessas mutações podem ser neutras e não levar a nenhuma mudança de comportamento”, explica o pesquisador.
Não precisa ser mais virulento e seria até possível que o vírus atenuasse e perdesse a virulência. A atenuação é uma possibilidade bastante lógica na evolução de um vírus, segue Sola.
3. Novas medidas de controle são necessárias?
Sola diz que as medidas não farmacológicas que já conhecemos (máscara, higiene, distância ou ventilação) são eficazes contra qualquer variante. As vacinas também podem permanecer eficazes. “Agora é hora de ser cauteloso”, e é aconselhável ficar atento para ver como ele se comporta, como respira o vírus.
4. A reação de alerta é justificada?
Na opinião do pesquisador do Centro Nacional de Biotecnologia do Conselho Superior de Pesquisa Científica, sim, porque o vírus mudou e você precisa saber em que essas mudanças se traduzem.
5. Vacinas e a variante omicron
“Eu diria que com as mutações que o vírus já possui, pode ser que a eficácia das vacinas diminua um pouco, mas que não a perca completamente e seja semelhante à que temos agora, mas são conjecturas, porque devemos nos basear nos resultados experimentais que já estão sendo feitos”, explica Sola.
Nem significaria que as vacinas não funcionariam mais, porque a imunidade são anticorpos e muito mais, “mas eles já nos dariam uma ideia muito boa de como o vírus pode escapar da imunidade que já temos”.
6. Uma vacina pode ser redesenhada em pouco tempo?
Sim. Estas são vacinas que são feitas através da biotecnologia e as mudanças são relativamente simples. Depois, há a questão de quais agências reguladoras vão exigir para essa mudança. A formulação da vacina contra a gripe é alterada todos os anos sem a necessidade de repetir os ensaios clínicos. É diretamente reformulado e produzido.
7. Temos que recuperar as restrições?
Em sua opinião, é necessário recuperar medidas não farmacológicas, não apenas por causa dessa nova variante. “Com a variante delta, que está circulando, estamos verificando a incidência em muitos países. Embora as pessoas estejam sendo vacinadas, não é suficiente”, defende ele.
8. Faz sentido continuar falando sobre “imunidade de rebanho”?
É um conceito que deve ser tomado de maneira relativa, continua o científico. “Não é um número mágico que, quando alcançado, nos garante proteção absoluta para sempre. Quanto mais pessoas forem vacinadas, mais obstáculos o vírus terá que ser transmitido e isso lhe permitirá controlar melhor seu impacto na saúde pública”, conclui ele.
Esta informação não substitui, em nenhum caso, o diagnóstico ou prescrição por um médico. É importante ir a um especialista quando os sintomas ocorrem em caso de doença e nunca se automedicar.
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