Narguilé: Mitos e Verdades

Especialistas esclarecem dúvidas sobre o uso e alertam para os riscos à saúde

Fonte: Ana Carolina

narguilé
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O consumo do narguilé se popularizou entre os jovens e pesquisas já identificaram mais de 4700 substâncias tóxicas na composição do cigarro, e não diferente na fumaça do narguilé, aproximadamente 300 produtos químicos foram isolados, e desses, 23 potencialmente cancerígenos. Logo, a depender da quantidade consumida e a frequência do consumo, o narguilé pode ser sim mais maléfico que o cigarro comum.

A Cirurgiã Vascular Dra. Fátima El Hajj e o Dr. Marcello Scatena, Cirurgião torácico, esclarecem dúvidas mais frequentes sobre o uso do Narguilé:

O narguilé é uma droga? É capaz de causar dependência?

Sim, apesar do narguilé ser divulgado aos jovens como uma alternativa mais saudável de fumar, os produtos encontrados no mercado podem ser com ou sem tabaco (esses conhecidos como essências herbais), e acabam estimulando um maior consumo e indiretamente a dependência. Mesmo não contendo o tabaco (sem nicotina e alcatrão), essas essências são adocicadas com a cana – de açúcar, e formam o melaço, e que mediante o seu aquecimento, são gerados altos teores dos cancerígenos na fumaça.

Pelos danos futuros que podem causar, temos que considerar sim como uma droga lícita.

Que males o narguilé pode causar à saúde do fumante?

– Baixa oxigenação do sangue

– Aumento da pressão arterial

– Maior propensão a infecções do trato respiratório

– Maior propensão a quadros de trombose

A longo prazo promover a aterosclerose da circulação arterial, enfisema pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), impotência sexual, e o desenvolvimento de vários tipos de cânceres.

• efeitos cardiovasculares

O aumento da temperatura nos alvéolos e consequentemente no sangue leva a oxidação do LDL colesterol, levando a deposição do mesmo nas artérias causando entupimento e enrijecimento das mesmas.

• efeitos pulmonares

Menor troca alveolar de O2

Aumento dos níveis de monóxido de carbono

Danos ao parênquima pulmonar que a longo prazo pode levar ao enfisema (pulmão bolhoso e rígido)

• efeitos cancerígenos

Cânceres mais frequentes de: pulmão (ainda um dos mais letais) boca, laringe, estômago, e não menos frequente, bexiga e trato urinário podem estar correlacionados.

Esses males podem ser causados de acordo com a frequência que a pessoa usa o narguilé?

A frequência e a quantidade ingerida poderão sim acelerar a probabilidade de adoecer, porém menores quantidades também poderão ser maléficas mediante a individualidade genética de cada um.

O que atrai os jovens no consumo do narguilé?

Os jovens na sua essência tendem a um relacionamento socioafetivo em busca de maior autonomia e de novas experiências. Quando aliado a uma sensação do cheiro agradável dos produtos inalados, os atrai e os incentivam a reunirem- se como forma de ritual e socialização em torno do equipamento.

Há reconhecimento dos riscos de fumar narguilé pela população?

Mediante a um cenário nacional onde temos uma deficiência na política de combate ao fumo de uma maneira geral, poucos tem a percepção que o narguilé é tão ou mais maléfico que o cigarro.

Em edição publicada no Jornal Brasileiro de Pneumologia (JBP) em 2019, destaca a necessidade da adoção de novas medidas baseado na Conferência das Partes da Convenção Quadro para Controle do Tabaco da Organização Mundial da Saúde na sua 6ª sessão (COP6) em 2014.

A recomendação é a adoção de medidas educativas e informativas quanto aos malefícios causados pelo consumo deste produto.

É verdade que em uma única sessão de narguilé, o fumante inala mais nicotina, monóxido de carbono e alcatrão do que quando fuma cigarros?

Sim, em uma coifa de narguilé, poderá equivaler a inalação de aproximadamente 100 tragadas do cigarro.

Quais são as toxinas presentes na fumaça aspirada do narguilé?

As nitrosamidas específicas do tabaco, hidrocarbonetos aromáticos, aldeídos voláteis, benzeno, óxido nítrico e metais pesados (arsênico, cromo e chumbo). E o uso do carvão como mecanismo de combustão eleva em muito os níveis de monóxido de carbono e a geração do carcinógeno HAP2.

Existe uma associação do uso do arguile e exposição ao benzeno e o desenvolvimento de leucemias.

Existe risco de câncer e danos genéticos com o fumo de narguilé?

Sim, como exposto acima… todas estas substâncias citadas acima são cancerígenas.

Além da própria elevação da temperatura da boca, trato bucomaxilofacial e trato respiratório podem levar a lesões térmicas pré-cancerígenas.

Existe alguma forma de usar o narguilé sem ter esses riscos?

Não.

O fato de a pessoa não tragar também causa esses males?

Causa, pois, a fumaça entra em contato com as mucosas do trato respiratório superior.

O uso compartilhado também está relacionado à transmissão de doenças infectocontagiosas?

Sim, principalmente a do HPV e Herpes Vírus. E em tempos de pandemia, onde todos são aconselhados a não compartilhar objetos de uso individual, pode transmitir doenças virais, fúngicas e bacterianas, e em nosso meio muito frequente a tuberculose.

Na sua opinião, como a legislação precisa avançar para reduzir o número de fumantes e a iniciação do tabagismo entre os jovens?

Da mesma maneira que houve a “desglamourização” do uso do cigarro, campanhas de desincentivo terão que ser adotadas, para o esclarecimento que o seu consumo é tão prejudicial.

Uma política gerida pelos órgãos públicos, com a obrigação da utilização de rótulos nos produtos e acessórios contendo as advertências sobre os seus danos e efeitos adversos, seriam de fundamental importância.

Como já existente nos programas de combate ao consumo de álcool, e tabaco para menores de 18 anos, poderão de certa forma proteger as futuras gerações para o consumo indiscriminado do narguilé.

Texto por Ana Carolina

Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.