Lavar peru de Natal pode acabar em infecção alimentar; saiba quais cuidados tomar

Fonte: R7

Lavar peru de Natal pode acabar em infecção alimentar; saiba quais cuidados tomar
Lavar peru de Natal pode acabar em infecção alimentar; saiba quais cuidados tomar FOTO:PIXABAY

O Natal e as festas de final de ano são momentos em que família e os amigos se reúnem em celebração, e uma coisa não pode faltar na mesa: um bom assado. Frango e peru são as opções mais populares, e ambas necessitam de cuidados especiais para prevenir o contágio de outros alimentos com salmonella.

A salmonella é uma enterobactéria que se aloja no intestino de diversos animais, principalmente no de aves, como o frango. Há duas espécies mais comuns, a enterica e a typhi.

“A Salmonella enterica, a famosa salmonellose, é transmitida pelo alimento e pode causar desde uma infecção mais leve, uma indigestão, até quadros mais sérios, inclusive graves. É muito raro levar a morte, com um diagnóstico adequado, mas tem potencial”, explica o médico João Prats, infectologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

As aves compõem o principal grupo de contágio, segundo Prats, muito porque elas acabam tendo contato com as próprias fezes e facilitam a contaminação da carne. Nos humanos, a infecção acontece após a ingestão desses alimentos contaminados.

A principal forma de prevenir essa situação envolve o processo de cocção do frango até que ele deixe de ter aparência translúcida, já que o calor elimina a bactéria. É preciso estar atento ainda ao tamanho da ave, pois vai exigir mais tempo de forno até que as partes internas também estejam assadas.

Mas não basta colocar a ave no forno, é preciso manuseá-la com os cuidados devidos antes disso. A lavagem dessas carnes é desnecessária, já que o calor é suficiente para matar agentes nocivos.

Natal sem salmonella: Dicas

“Se você for lavar o frango, lave separado e com muito cuidado, não deixe que a água, ou qualquer material que seja, que entrou em contato com frango cru tenha contato com outros alimentos”, alerta o infectologista.

Esse contato pode causar a denominada contaminação cruzada, que é a transferência de patógenos de um alimento para o outro. O cuidado se torna ainda mais necessário quando se trata de alimentos que não vão passar por um cozimento.

“Se é o calor que mata a bactéria e evita os problemas, temos que ter cuidado para, justamente, não ter contato com o frango cru e essa água, esses sucos do frango, terem contato com outro alimento que não vai ser cozido”, diz Prats.

E acrescenta: “Se você colocar um monte de salada perto e lavar o frango do lado, a água que bate nesse frango, se tiver salmonella ali, você vai espalhar para os alimentos, esses alimentos que não vão ser cozidos.”

A forma correta é higienizar a ave de maneira separada, em uma tábua exclusiva e com um recipiente na pia para colocá-la. A lavagem das mãos também deve ser constante durante o processo.

Após a limpeza e preparo do assado, todo o espaço da cozinha deve ser higienizado, inclusive os potes de tempero, apontados por um estudo realizado nos EUA como acumuladores de microrganismos prejudiciais à saúde, até mais do que, por exemplo, tampas de lixeira da cozinha.

Caso ocorra a ingestão de alimentos contaminados com essa bactéria, qualquer sintoma é um alerta para a busca de ajuda. A salmonella pode causar quadros de diarreia e vômito, e os mais graves podem evoluir para febre associada à diarreia com sangue.

Há também a possibilidade dela desencadear infecções intestinais mais perigosas e diarreias que podem ser invasivas e causar bacteremia – passagem de bactérias do intestino para a corrente sanguínea. Parecido com um efeito cascata, essa situação pode causar sepse, infecção generalizada e até a morte, embora não seja comum.

“A maioria dos casos é intestinal, mas podem ser graves. Óbito é raro, mas gravidade não é”, adverte Prats.

Além disso, quando uma pessoa está com salmonella, de acordo com o infectologista, “não consegue ingerir líquidos, não consegue ingerir alimentos”. Essa situação pode levar a uma desidratação.

“A desidratação vai dar pressão baixa, moleza e mal-estar. Os quadros mais graves, geralmente, febre e diarreia com sangue vão ser alguns dos sinais mais alarmantes, e ela pode ser mais grave em pessoas idosas, que estão mais suscetíveis à desidratação, e em imunossuprimidos”, complementa o especialista.

Nesses casos, a procura por auxílio médico é fundamental e deve ser feita de forma rápida, para que os sintomas não progridam.

No entanto, o infectologista deixa claro que “basicamente, é só a gente cozinhar bem [a ave] que vai ser suficiente” para evitar a infecção pela bactéria.

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Redatora do portal CenárioMT, escreve diariamente as principais notícias que movimentam o cotidiano das cidades de Mato Grosso. Já trabalhou em Rádio Jornal (site e redação).