O primeiro mês do ano chama atenção para a conscientização da hanseníase, problema de saúde pública notificada com mais de 19 mil casos em todo o Brasil, entre janeiro e novembro de 2023, segundo o painel de monitoramento do Ministério da Saúde. Revestida pela cor roxa, a campanha alerta sobre a importância do diagnóstico e tratamento precoces, pontos esclarecidos por especialistas dos hospitais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que reforçam também a importância de combater o preconceito ainda muito presente sobre o tema.
Causada por uma bactéria chamada mycobacterium leprae (no formato alongado, conhecido como bacilo) , segundo o dermatologista e hansenologista, Ebert Aguiar, do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT), a hanseníase acomete os nervos periféricos. Por esse motivo, os sintomas se refletem em sensações de choques, dormência e/ou queimação, perda da sensibilidade e da força das mãos e dos pés. Na pele, as manchas esbranquiçadas ou avermelhadas também são uma característica. Além disso, uma outra especificidade está relacionada ao período de multiplicação das bactérias que costuma ser muito lento, “o que faz com que o tempo entre o contato e os primeiros sinais da doença, o chamado período de incubação, no ser humano, sejam longos”, durando, inclusive, anos até que apareçam os primeiros sinais.
A contaminação ocorre por meio das gotículas de mucosa oral e nasal (espirro, tosse) a partir do contato com pessoas que estão com a doença, mas não estão em tratamento, especialmente com as formas multibacilares, ou seja, quando o indivíduo possui múltiplos bacilos. O médico dermatologista Marco Túlio Oliveira, do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC), reforça a importância do diagnóstico precoce, feito a partir da devida atenção aos sintomas mencionados, principalmente porque, em estágios mais avançados da doença, pode haver acometimento nos membros (atrofias) e até cegueira. Além disso, o especialista evidencia que também existe um fator de pré-disposição genética porque “existem pessoas que já entraram em contato com a bactéria e seus organismos foram resistentes a ela, enquanto em outros indivíduos isso não acontece e acabam desenvolvendo a doença”, ressalta.