Dia do Cardiologista: especialista fala sobre a saúde do coração

No mundo, morrem todos os anos mais de 7 milhões de pessoas por doenças relacionadas ao coração.

Fonte: CenarioMT

Dia do Cardiologista: especialista fala sobre a saúde do coração

Nesta quarta-feira (14), em celebração ao Dia do Cardiologista, tivemos a oportunidade de conversar com o Dr. Gilmar de Oliveira, especialista na área, sobre a importância de cuidar da saúde do coração e as doenças mais comuns relacionadas ao sistema cardiovascular. Durante a entrevista ao CenárioMT, Dr. Gilmar destacou a complexidade da rotina dos cardiologistas e a necessidade constante de reflexão e cuidado com a saúde.

A Importância do Cardiologista na Saúde Preventiva

Ao falar sobre a profissão, Dr. Gilmar destacou que a rotina do cardiologista é repleta de desafios, principalmente por lidar diariamente com pacientes que podem apresentar problemas cardíacos graves. “A maioria das causas que identificamos são, de fato, cardiológicas. Isso torna essencial a preocupação constante com a saúde do coração, tanto por parte dos profissionais quanto dos pacientes”, afirma o médico.

Ele ressaltou ainda que o Dia do Cardiologista deve servir como um momento de reflexão para todos sobre os cuidados com o coração. “É um dia para avaliar o que estamos fazendo para melhorar nossa saúde no dia a dia”, completa.

O Impacto da Pandemia na Saúde Cardíaca

Um dos tópicos discutidos foi o aumento dos casos de infarto após a pandemia de COVID-19. Dr. Gilmar explicou que vários fatores contribuíram para essa situação, incluindo o estresse pós-traumático vivido pela população. “Muitas pessoas perderam entes queridos, e isso gerou um trauma significativo. Esse estresse é uma das principais causas de infarto”, ressalta.

Além do estresse, ele mencionou que há preocupações com possíveis alterações na coagulação sanguínea causadas pela própria infecção viral e suas complicações, o que também pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares em pessoas predispostas.

Fatores de Risco e Prevenção

Dr. Gilmar também destacou os fatores clássicos de risco para doenças cardíacas, como histórico familiar, sexo masculino e idade avançada, além dos fatores modificáveis, como sedentarismo, hipertensão, diabetes e colesterol elevado. “É fundamental que as pessoas cuidem do peso, façam exercícios físicos regularmente e controlem as condições que podem levar a problemas cardíacos”, alerta.

Sinais de Alerta e Doenças Comuns

O cardiologista enfatizou que o coração geralmente dá sinais de que algo não está bem, como fadiga, cansaço anormal e desconforto no peito. Ele recomenda que qualquer sintoma diferente seja investigado imediatamente para descartar possíveis problemas cardíacos.

Entre as doenças mais comuns, além do infarto, ele mencionou a hipertensão, o diabetes e as complicações oncológicas, que podem impactar diretamente a saúde cardiovascular. “Essas condições não afetam apenas o coração, mas também o sistema circulatório como um todo, aumentando o risco de entupimento das artérias”, explica.

Saúde Cardíaca nas Crianças e Adolescentes

O médico alertou para o aumento de problemas cardíacos entre adolescentes e crianças, em grande parte devido ao aumento da obesidade e à falta de atividade física. “Infelizmente, estamos observando casos de doenças cardiovasculares em idades cada vez mais jovens. Isso está diretamente ligado aos hábitos alimentares inadequados e ao sedentarismo”, alerta.

Avanços no Tratamento em Lucas do Rio Verde

Um avanço significativo para a população de Lucas do Rio Verde é a implantação do sistema de hemodinâmica no hospital local, que permitirá a realização de procedimentos como o cateterismo cardíaco. “Isso será um grande benefício para a cidade, pois permitirá tratar infartos de forma mais eficaz, reduzindo a mortalidade e melhorando a qualidade de vida dos pacientes”, comenta Dr. Gilmar.

Doutor segurando um coração vermelho - Fotos do Canva
Fatores clássicos de risco para doenças cardíacas, como histórico familiar, sexo masculino e idade avançada, além dos fatores modificáveis, como sedentarismo, hipertensão, diabetes e colesterol elevado. Foto: Canva

Números

De acordo com dados divulgados no ano de 2023 pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), mesmo que a incidência e a mortalidade por doenças cardiovasculares tenham aumentado exponencialmente, em um intervalo de 30 anos, ou seja, entre 1990 a 2019, as taxas padronizadas por 100 mil habitantes vêm apresentado progressiva melhora, com reduções significativas, o que demonstra os avanços e benefícios de novos e modernos tratamentos que hoje compõem o arsenal do cardiologista.

Se em 1990 o número absoluto de incidências de novos casos de doenças cardiovasculares ficou em aproximadamente 594 mil pessoas, em 2019, este número se aproximou de 1,1 milhão de indivíduos, o que corresponde a um aumento proporcional da população brasileira.

Entretanto, enquanto tínhamos uma taxa de incidência por 100 mil habitantes de 593,7 indivíduos em 1990, em 2019 a taxa caiu para 475 pessoas. Esta queda foi observada em todos os estados. O único estado que manteve taxas de incidência acima dos 500 indivíduos foi Minas Gerais.

Quando observamos incidência de mortalidade por doenças cardiovasculares, que vale observar, é a maior causa de morte no Brasil, também apresentou queda.

Em relação aos números absolutos, enquanto em 1990, 269,7 mil pessoas morreram de doenças cardíacas, em 2019 esse número chegou a 397,9 mil.

Hoje, por sua vez, este número já ultrapassa a marca dos 400 mil. No mundo, morrem todos os anos mais de 7 milhões de pessoas.

Porém, ao se observar a taxa por 100 mil habitantes, nota-se forte redução na comparação entre 1990 e 2019. Neste intervalo, caiu de 355,4 para 175,7, o que representa uma redução de 50,56%.

Os estados em que a taxa de mortalidade se encontra acima de 200 pessoas por 100 mil habitantes são Alagoas, Maranhão, Pernambuco e Tocantins.

No Rio Grande do Sul, morreram 19,7 mil pessoas por problemas do coração em 1990, ano em que a taxa de mortalidade por 100 mil habitantes cravou a taxa de 360,4. Já em 2019, morreram 25,7 mil gaúchos de doenças cardiovasculares, por conta do aumento da população no estado, mas a taxa de mortalidade ficou em 168,3, o que representa uma redução de 53,30%.

O Dia do Cardiologista, portanto, não é apenas uma data para homenagear esses profissionais, mas também para refletir sobre a importância da prevenção e do cuidado com a saúde do coração, desde a infância até a vida adulta. A mensagem principal é clara: cuidar do coração deve ser uma prioridade em todas as fases da vida.