Por que antidepressivos tornam bactérias resistentes a antibióticos? Um estudo de laboratório determinou que os antidepressivos, drogas amplamente utilizadas em todo o mundo, promovem a resistência das bactérias aos antibióticos disponíveis.
Os resultados foram chamados de “interessantes e assustadores” por Jianhua Guo , pesquisador sênior da Universidade de Queensland.
A resistência aos antibióticos, ou a capacidade dos microrganismos sobreviverem ao ataque destes compostos criados especificamente para a sua destruição, tem sido motivo de preocupação para a saúde pública mundial.
É que aumentando sua capacidade de resposta, no futuro poderemos enfrentar superbactérias potencialmente indestrutíveis.
Para já, assumiu-se que o abuso de antibióticos, por parte das pessoas (que se automedicam) e da pecuária, eram os principais culpados. Mas este trabalho mostra que os antidepressivos podem desempenhar um papel relevante.
Como os antidepressivos afetam?
De acordo com este trabalho, que analisou o efeito de 5 antidepressivos comuns: sertralina, escitalopram, bupropiona, duloxetina e agomelatina, na sobrevivência e reprodução da famosa bactéria E. coli.
Durante dois meses, os pesquisadores expuseram os sujeitos à droga e depois testaram como o microrganismo respondeu a 13 antibióticos diferentes. Mas os efeitos puderam ser notados quase imediatamente.
“Mesmo após alguns dias de exposição, as bactérias desenvolvem resistência a medicamentos não apenas contra um, mas contra vários antibióticos”, disse Jianhua Guo à revista Nature .
Os antidepressivos permitiram que a taxa de mutação da bactéria aumentasse , permitindo-lhe selecionar melhor os genes que lhe permitem responder aos antibióticos.
Especificamente, a sertralina e a duloxetina permitiram que a E. coli tivesse a resposta mais rápida aos antibióticos.
Os especialistas esclarecem que esses resultados, de laboratório, na vida real (não controlados) teriam um efeito mais tardio, mas, de qualquer forma, as pesquisas devem continuar, especificamente sobre seu efeito quando consumido em humanos.
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