O recente anúncio do aumento do biodiesel no diesel fóssil tem preocupado transportadoras no país. Por isso, na última semana o presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte) levou ao ministro dos Transportes, Renan Filho, as preocupações relacionadas ao impacto da adição de biodiesel de base éster ao diesel fóssil na atividade transportadora. Enquanto a mistura subiu de 10% para 14% em 2022, em conformidade com a resolução do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), na prática, as empresas têm enfrentado desafios significativos.
Durante a reunião em Brasília (DF), que contou com a presença da ex-ministra e ex-senadora Kátia Abreu, do diretor executivo da CNT, Bruno Batista, e da gerente executiva Ambiental da CNT, Erica Marcos, a Confederação enfatizou a importância de condicionar o aumento da mistura a testes de viabilidade técnica, melhorar as especificações do biodiesel, implementar medidas de controle de qualidade e considerar sempre o setor de transporte nas políticas públicas.
Vander Costa, presidente da CNT, ressaltou a necessidade de uma definição técnica precisa da mistura adequada de biodiesel para garantir redução eficiente de emissões. “Entendemos que é necessário ampliar o debate, e o setor de transporte precisa ser ouvido”, afirmou, destacando dados técnicos que indicam aumento no consumo e nos custos operacionais do transporte com teores de biodiesel acima de 10%.
Durante a reunião, foram apresentados resultados da Sondagem CNT sobre o biodiesel brasileiro, indicando que 60,3% dos empresários do setor de transporte relataram problemas mecânicos relacionados ao teor da mistura. As principais ocorrências foram aumento na troca de filtros (82,7%) e falhas no sistema de injeção (77,1%), resultando em aumento nos custos de manutenção dos veículos.
Além disso, foi compartilhado o caso da empresa Sambaíba, que atua no transporte público de São Paulo, onde testes demonstraram a presença de resíduos em tanques, filtros e peças automotivas com teores de biodiesel acima de 10%, resultando em aumento dos custos operacionais e perda de potência da frota.
Os participantes também tiveram acesso aos resultados de um estudo da UnB (Universidade de Brasília), que indicou perda de potência e aumento de emissões quando caminhões foram abastecidos com diesel B20 em comparação com B7.
O ministro Renan Filho concordou com a urgência do tema e se comprometeu a considerar as preocupações do setor de transporte na definição das políticas relacionadas à transição energética. O diretor da CNT, Bruno Batista, destacou a importância de explorar outras soluções, como o diesel verde (HVO), que pode oferecer melhor custo-benefício e segurança aos transportadores.