O prefeito de Monte Mor (SP), Edivaldo Antônio Brischi (PTB), usou as redes sociais para falar sobre a política de “revitalização” que resolveu implementar contra moradores em situação de rua que costumavam ficar na região da rodoviária. Na prática, sem-tetos foram enviados em vans para outros municípios. No vídeo de quarta-feira (14), o chefe do Executivo argumenta que não aguenta mais reclamações e que agora vai “começar a mostrar como se governa uma cidade”.
“Fiquem bravo comigo, pode ficar bravo, mas agora tem prefeito essa cidade. Tem que cuidar (…) Ontem foram seis viagens. Foram embora para Rio das Pedras, Bauru, Campinas, São Paulo, Orquídeas (…) Pessoas do bem, me ajudem, me apoiem nessa ação. Tem muita gente metendo louco no Edivaldo, metendo louco no prefeito. Só que eu não aguento mais reclamação, e não posso ver minha cidade virar um lixo”, disse.
Nesta quinta (15), sem-tetos deixados em Boituva (SP) procuraram a delegacia para informar que foram “despejados” na cidade pela prefeitura de Monte Mor. Eles relataram à polícia que foram abordados pelo prefeito no espaço onde ficavam em Monte Mor e colocados à força dentro de uma van, sendo deixados em várias cidades da região. Dez deles estão em Boituva.
De acordo com a Polícia Civil, as pessoas foram ouvidas e um boletim de ocorrência foi registrado, inicialmente por constrangimento ilegal.
No vídeo, o prefeito Edivaldo Antônio Brischi ainda pede para que os moradores deixem de auxiliar pessoas em situação de rua, e procurem a Assistência Social do município para fazerem suas doações.
“Moradores de Monte Mor, se vocês quiserem ajudar alguma pessoa, ajudem um pai de família. Por favor, quando você quiser fazer uma ação, procure a Assistência Social e leve o que você quiser doar. A Assistência Social vai dar o destino certo para esses alimentos, e não ficar fomentando coisas erradas no nosso município”, disse.
Ainda na mesma transmissão, Brischi disse que tinha uma grande preocupação com os moradores de rua, mas que as medidas adotadas anteriormente não deram resultado esperado.
“A gente fez um trabalho com eles, levou para morar em alguns lugares. Teve gente que foi ser caseiro, com salário bom, e o que aconteceu? Esses senhores retornaram aqui. E porque eles ficam aqui? Por que eles já têm benefícios. A maioria da população fica sustentando com marmita. Quem quer trabalhar se tem a pinga dele, a marmita dele?”, afirmou.
A prefeitura de Monte Mor foi procurada para comentar o assunto, mas não envio posicionamento até esta publicação.