Um estudo científico concluiu que as abelhas são o segundo tipo de animal — além dos humanos — capazes de diferenciar entre números ímpares e pares. A conceituação é considerada altamente abstrata e, de acordo com os nossos atuais parâmetros científicos, um sinal claro de inteligência. Sim, além de fundamentais para o meio ambiente, esses insetos ainda mostram sinais de grande esperteza.
A pesquisa foi liderada pela dra. Scarlett Howard, especialista em Biologia da Universidade Monash, na Austrália, e publicada na revista científica Frontiers in Ecology and Evolution.
Segundo Scarlett, em um texto para o site The Conversation, humanos demonstram certa aptidão para lidar com a conceituação de paridade, que é a habilidade de diferenciar números e quantidades pares e ímpares.
“Por exemplo, tendemos a responder mais rápido a números pares com ações executadas pela mão direita e a números ímpares com ações executadas pela mão esquerda”, afirma a estudiosa, que observa também que crianças associam “par” com “direita” e “ímpar” com a “esquerda”.
O novo estudo mostra que abelhas podem fazer categorizações similares, informação que se soma a pesquisas anteriores, que mostraram que elas são capazes de realizar operações matemáticas simples, como adição e subtração.
Para desvender as habilidades das abelhas, Scarlett e o grupo de estudo separou os insetos em dois grupos: um deles associou números pares com água com açúcar, e ímpares com uma mistura de água com quinina, que produz um sabor amargo. O segundo grupo aprendeu uma associação invertida.
Os pesquisadores usaram cartões com marcações pares e ímpares e descobriram que as abelhas que associaram números ímpares com água açucarada aprenderam muito mais rápida que o segundo grupo. A precisão dos acertos chegou a 70%, um resultado considerado excelente.
Como as abelhas fazem isso? Essa resposta os pesquisadores ficarão devendo. Uma possibilidade é que elas emparelhem elementos em duplas e só concluem se algum ficou de fora, um processo similar ao que muitos humanos praticam.
De qualquer forma, a tarefa foi considerada um tanto surpreendente para animais com cérebros diminutos, com cerca de 960.000 neurônios, contra os 86 bilhões de neurônios do cérebro humano.
Scarlett e os outros pesquisadores acreditam que precisam fazer testes similares em animais de outras espécies para avançar em descobertas do tipo.
Enquanto isso, o estudo termina com outras perguntas ainda mais complicadas. A abstração matemática é um processo natural para cérebros que evoluem? A matemática é exclusiva de cérebros humanos? A diferença entre a inteligência de humanos e outros animais é menor do que se imagina?
Só mais uma longa rodada de pesquisas podem responder.