A Formação Axé-Amém promoveu um encontro entre pessoas negras evangélicas e praticantes de religiões de matriz africana para desenvolver ações de enfrentamento ao racismo religioso e fortalecer a integração entre distintas expressões de fé no país.
Organizado pelo Instituto de Estudos da Religião (Iser), o projeto acompanhou 37 autores ao longo de quatro meses na produção do livro “Axé-Amém: Encruzilhadas da Fé Negra no Brasil”.
A obra reúne relatos sobre dupla pertença religiosa, memórias familiares, trajetórias políticas e formas de resistência espiritual, inspirados no conceito de Escrevivência, que valoriza narrativas individuais como parte de uma memória coletiva.
A autora Amanda Damasceno relata que sua participação ocorreu após um processo de transformação pessoal ao lidar com a iniciação da filha mais velha no candomblé.
Para ela, compreender essa escolha exigiu romper ideias preconcebidas e enfrentar o racismo religioso reproduzido ao longo da vida.
O babalorixá Igor Almeida destaca que a iniciativa contribui para desmontar estigmas e ampliar o respeito às diversas vertentes da religiosidade negra no Brasil.
Segundo ele, a pluralidade religiosa do país demanda convivência respeitosa e reconhecimento das diferentes identidades presentes na sociedade.
O livro foi lançado na última terça-feira (2), no Rio de Janeiro, e a pesquisadora Carolina Rocha, uma das idealizadoras do projeto, espera que a publicação estimule debates e práticas educativas.
Ela afirma que a obra foi pensada para circular em igrejas, terreiros, escolas, bibliotecas e comunidades, funcionando como ponte entre tradições e não como barreira.
Rocha descreve a iniciativa como uma “cartografia afetiva” que desafia discursos de ódio e ressalta que a grande participação de autores evangélicos superou expectativas dos organizadores.






















