O secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, propôs em reunião virtual realizada neste sábado (22) com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que barreiras sanitárias sejam feitas em aeroportos, rodoviárias e rodovias para tentar conter a disseminação da variante indiana do coronavírus.
Entre as medidas propostas estão a exigência de teste negativo para Covid do tipo RT-PCR para passageiros que cheguem a São Paulo vindos de voos do Maranhão ou da Argentina, nos aeroportos de Congonhas e Campo de Marte, na capital paulista, e Cumbica, em Guarulhos.
Na quinta-feira (20), o estado do Maranhão confirmou o registro dos primeiros casos no Brasil da variante indiana, chamada de B.1.617. Eles foram confirmados em tripulantes que estavam em um navio vindo da África do Sul. Antes do Brasil, o único país na América Latina que havia confirmado a presença da variante havia sido a Argentina.
Também foi sugerida a busca por pacientes sintomáticos em rodoviárias, que serão encaminhados para unidades de saúde próximas para a realização de teste RT-PCR. Caso o teste seja positivo, a pessoa deverá ser isolada e monitorada por dez dias.
“A ideia é que a gente possa, em uma ação integrada e comandada pela Anvisa, fazermos todo esse processo de triagem, de isolamento e monitoramento, de ações educativas que possam ser preventivas em relação à circulação de novas variantes, principalmente a variante indiana”, disse Aparecido.
De acordo com o secretário, houve uma sinalização por parte do ministro para que as ações também possam ser adotadas em âmbito nacional.
“As sugestões feitas pela cidade de São Paulo o ministro viu com muito bons olhos, dizendo inclusive que poderia se transformar em uma orientação nacional.”
As ações nas rodoviárias podem começar a valer a partir da segunda-feira (24), segundo Aparecido.
“Acreditamos pelo menos preparar as funções de triagem com as nossas equipes, que nós vamos montar já nesse domingo para tentarmos colocar em trabalho na segunda-feira. Sobretudo, no Terminal Rodoviário do Tietê, onde chegam dois ônibus por semana do Maranhão”, disse o secretário.
Também participaram da reunião deste sábado representantes da Secretaria Estadual de Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa (PSD).
Portaria do Ministério da Saúde publicada 14 de maio proibiu a entrada no Brasil de voos vindos do Reino Unido, Irlanda do Norte, África do Sul e Índia.
A mesma portaria recomenda que visitantes que estiveram do Reino Unido, Irlanda do Norte, África do Sul e Índia no últimos 14 dias não entrem no país, mas a regra não se aplica para brasileiros, naturalizados e imigrantes com moradia definitiva no país.
Após a reunião, o Ministério da Saúde afirmou por meio de nota que a Anvisa tem intensificado a vigilância em aeroportos, incluindo abordagem a passageiros antes e após voos. No entanto, não confirmou se será adotada a exigência de testagem para passageiros do Maranhão e Argentina.
“Considerando que São Paulo é a maior cidade do país e Guarulhos é o maior aeroporto, devemos reforçar a vigilância para que essa variante não se espalhe pelo Brasil”, disse o ministro Marcelo Queiroga no comunicado.
Veja a proposta da Secretaria Municipal de Saúde
Ações nos aeroportos Campo de Marte, Congonhas e Cumbica:
- Exigência de teste PCR negativo para Covid no momento do embarque em voos vindos do Maranhão e Argentina;
- Detecção de passageiros com sintomas respiratórios;
- Isolamento: encaminhamento para avaliação e testagem com RT-PCR. Isolamento e monitoramento por 10 dias a partir do inicio dos sintomas;
- Alertas: emissão de alertas sonoros e visuais nos aeroportos sobre sintomas, formas de prevenção e contenção da doença.
Ações em rodoviárias – transporte terrestre:
- Equipes farão triagem em passageiros de transporte terrestre buscando sintomáticos e aferindo a temperatura;
- Isolamento: sintomáticos respiratórios detectados serão levados para unidade de urgência da região. Será realizada testagem com RT-PCR;
- Serão isolados e monitorados por 10 dias a partir do inicio dos sintomas;
- Ações educativas e de prevenção: passageiros assintomáticos serão orientados e receberão um check-list para detecção dos sintomas, formas de prevenção;
- Se foram comunicantes do caso suspeito, serão isolados e monitorados por 14 dias a partir do último contato.
Rodovias e vias de acesso ao município de São Paulo:
- Ações em pedágios e postos de pesagem de caminhões: distribuição de cartilha com informações sobre sintomas, formas de prevenção e contenção da doença;
- Alertas visuais: informações divulgadas em painéis eletrônicos nas rodovias de acesso.
Estudos para monitoramento de novas variantes:
- Parceria com o Instituto Butantan e Instituto de Medicina Tropical da USP;
- Seleção de amostras com RT-PCR detectáveis e encaminhamento para sequenciamento genético para detecção da variante;
- Coletas em Unidades de Saúde: amostras por semana epidemiológica, abrangendo as 6 regiões do município.