A maioria dos 55 brasileiros deportados dos Estados Unidos que chegaram nesta sexta-feira (6) no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na região metropolitana, chegou algemada. A informação é de uma das passageiras que esteve no voo.
Este foi o sétimo avião com deportados que chega a Confins desde outubro do ano passado.
“Nós ficamos algemados 24 horas antes de embarcar e durante toda a viagem. Algemas nos pés e nas mãos”, disse ela que não quis se identificar. Os passageiros falaram que três fam[ilias não foram algemadas por estarem com crianças.
Danilo Dias de Souza, que estava há quatro anos sem emprego, pulou seis muros para entrar nos Estados Unidos. “Meu sonho era conquistar uma coisa melhor”, disse ele que perdeu dez quilos nos 40 dias em que esteve preso. “A comida era escassa. Passei frio. Fiquei quatro dias sem tomar banho”, contou.
Procurado, o Serviço de Imigração e Fiscalização Aduaneira dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) informou que “indivíduos presos e sob custódia das forças federais de segurança estão sujeitos a serem algemados”. “Fazer isso está totalmente de acordo com as leis federais e as políticas da agência”, diz o órgão em nota.
Bolsonaro diz que ‘jamais’ intercederia por deportados
No dia 26 de janeiro, o presidente Jair Bolsonaro disse que “jamais” pediria ao presidente dos EUA, Donald Trump, para dar tratamento diferenciado a brasileiros deportados por terem entrado ilegalmente no país.
“Como é a lei americana? Qual o tratamento que a lei americana dá para quem está lá ilegalmente? Não é esse? Nós temos de respeitar a lei americana”, disse.
Por isso, segundo afirmou, não intercederia junto a Trump em casos como esses.
“Jamais pediria. Você acha que eu vou pedir para ele descumprir a lei dele? Tenha a santa paciência.A lei americana diz isso. É só você não ir para os Estados Unidos de forma ilegal”, declarou.
Ao responder sobre eventual uso de algemas em deportados, Bolsonaro havia dito que o governo brasileiro não utilizaria esse expediente. Mas ressalvou que as leis de outro país têm de ser respeitadas. “Obviamente, não faríamos isso com ninguém”.