O público paulista terá a oportunidade de conhecer mais sobre o Brasil do século XIX por meio da exposição “Viagem de Spix e Martius pelo Brasil”, inaugurada na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), da Universidade de São Paulo (USP). A mostra gratuita fica em cartaz até 26 de abril, de segunda a sexta feira, das 8h30 às 18h30.
A realização é do Instituto Martius-Staden e do Colégio Visconde de Porto Seguro. Os curadores da exposição (professor Willi Bolle, docente da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, e a historiadora Karen Macknow Lisboa) compuseram a mostra a partir dos livros e registros dos naturalistas alemães Spix e Martius.
Os registros são reproduzidos em 21 banners, acompanhados de fotos feitas por Willi Bolle e pelo diretor do Instituto Martius-Staden, Eckhard Kupfer, em viagens recentes, em que refizeram parte do caminho percorrido pelos dois exploradores alemães.
Exploração
A dupla de pesquisadores Johann Baptist von Spix (1781-1826), doutor em Medicina, e Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), médico, botânico e naturalista, desembarcou no Rio de Janeiro em 1817, integrando o grupo de estudiosos que acompanhavam D. Leopoldina, que se tornaria esposa do futuro Dom Pedro I.
Os alemães iniciaram uma viagem de três anos que contornava o Brasil, desbravando o interior e o litoral, a fim de estudar as várias faces da nova nação. Seguindo a corrente naturalista, o Brasil era um paraíso aos olhos dos dois exploradores, que viam um vasto universo para categorizar em nosso território.
A dupla desejava classificar o mundo natural, criar coleções e fazer descobertas. Durante a viagem, catalogaram 6.500 espécies vegetais e criaram um herbário de 20 mil exemplares prensados e centenas de espécies vivas. Entre a fauna, classificaram 85 espécies de mamíferos, 350 de aves, 116 de peixes, 2.700 de insetos, 50 de aracnídeos e 50 de crustáceos, além de minerais e fósseis.
Viagens
Começando pelo Rio de Janeiro, Spix e Martius notaram a miscigenação de raças e os ares europeus que a nova cidade tinha. Partindo da antiga capital brasileira, eles seguiram para um mergulho no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, antigo nome do País. Os exploradores passaram nove dias em São Paulo.
Depois, eles foram para Ouro Preto, Distrito Diamantino, sertão de Minas Gerais, Salvador, sertão nordestino, Belém e Amazônia, conhecendo Manaus e o caminho do rio Negro e Japurá.
Ao voltar ao país natal, Spix e Martius já haviam escrito três volumes de “Viagem pelo Brasil” e o livro “Frei Apolônio: Um Romance do Brasil”, ficção de autoria de Martius, publicado em 1831 e considerado um dos primeiros romances sobre o território brasileiro.
Registros
Willi Bolle se dedica a estudar a geografia brasileira desde 1966, quando chegou ao Brasil, vindo da Alemanha, explorando desde a metrópole paulista até o interior amazonense, trajeto semelhante ao que Spix e Martius fizeram dois séculos atrás.
Acompanhado do diretor do Instituto Martius-Staden, Willi refaz os passos dos alemães, registrando as semelhanças e diferenças atuais em relação aos registros de 1800. Eles já passaram por Minas Gerais e Bahia. Em breve, deverão visitar a Amazônia.
As imagens obtidas nessas viagens integram a exposição, o que permite conhecer o passado e o presente de boa parte do País. A exposição “Viagem de Spix e Martius pelo Brasil” está em cartaz na Rua da Biblioteca, 21 – Cidade Universitária – São Paulo.