Medo de não conseguir pagar as contas, ansiedade e angústia afligem mais de 80% dos desempregados, aponta pesquisa

Fome, dificuldade e necessidade são as principais palavras ligadas ao desemprego segundo os entrevistados. Alteração no sono atinge 57% dos desempregados

Fonte: CenarioMT

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Um levantamento realizado em todas as capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em convênio com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mostra que além de trazer complicações à vida financeira, o desemprego afeta também o estado físico e emocional das pessoas.

De acordo com o estudo, a falta de trabalho gerou forte impacto nas emoções dos desempregados brasileiros em comparação com a pesquisa realizada em 2020. As emoções que mais tiveram aumento foram “medo de não conseguir pagar as contas”, com 83% (22 pontos percentuais a mais que em 2020); “ansiedade”, com 82% (aumento de 23 pontos percentuais, se comparado a 2020); e “angústia”, com 81% (crescimento de 27 pontos percentuais).

Questionados sobre o significado do “desemprego”, destacam-se as seguintes associações: fome (11%), dificuldade (10%), necessidade (5%), desespero (5%), falta de oportunidade (5%), tristeza (4%), dívidas (4%), falta de dinheiro (3%), oportunidade (2%) e medo (2%).

Além dos aspectos emocionais, foram avaliadas cinco alterações comportamentais e sua incidência no grupo de desempregados. Em quatro dos cinco itens, foram observados aumentos em relação a 2020, em especial sobre “ter alteração no sono, tendo insônia ou vontade de dormir fora do normal”. Este passou de 40% para 57%, enquanto “ter menos vontade de sair” passou de 45% para 60%, e “alteração no apetite” passou de 30% para 41%.

O presidente da CNDL, josé César da Costa, destaca que apesar das consequências financeiras e psicológicas causadas pela falta de emprego, as pessoas devem focar na recolocação profissional.

“Vivenciar a perda do emprego não é nada fácil. Gera prejuízos socioemocionais, instabilidade financeira e, com isso, ansiedade e angústia devido à redução do poder de compra e da capacidade de sustentar da própria família. É importante manter a calma e concentrar energias na busca por uma nova colocação. Enquanto não chegam oportunidades viáveis de trabalho, vale à pena buscar se qualificar profissionalmente ainda mais, a fim de aumentar as chances de empregabilidade”, afirma.

Nove em cada dez entrevistados (87%) tiveram o padrão de vida afetado pelo desemprego

De acordo com a pesquisa, após ficarem desempregados, 87% afirmam que o padrão de vida diminuiu — uma decisão tomada pelo próprio desempregado (95%).

Os que afirmam ter reduzido muito (53%) aumentaram em 24 pontos percentuais, se comparado com 2020. Cerca de um terço (30%) afirma que o padrão de vida foi reduzido logo após perder o emprego, e um em cada cinco desempregados (21%) está gastando além do orçamento, sendo que, nesse grupo, o valor médio mensal de estouro orçamental é de R$484,48.

Para avaliar as restrições ao consumo, após terem ficado desempregados, foram apresentados 19 itens aos entrevistados. Em 10 desses itens, o percentual de restrição ao consumo foi superior ao observado em 2020.

As maiores restrições de consumo apareceram para compra de roupas e calçados, com 87%; alimentos supérfluos, como iogurtes, congelados, carnes nobres, bebidas, doces etc., representam 80% de redução; saída para bares e restaurantes, 74% de redução; alimentação fora de casa ou por “delivery”, 73% de redução; e produtos de beleza – maquiagem, perfumes, cremes, loções, etc. –, com 68% de redução.

“A redução do orçamento e do padrão de vida, associada a um cenário de inflação ainda elevada e de alta dos juros, restringe o consumo, gerando redução da aquisição de bens e serviços. Tudo isso leva a um aumento na necessidade de controle orçamentário das famílias e, muitas vezes, dependência de ações sociais do poder público”, destaca Costa.

47% afirmam que tiveram dificuldade de acesso à crédito. 77% interromperam algum projeto ou sonho

A pesquisa apontou o aumento da restrição ao crédito entre os desempregados: entre os que tentaram comprar no crédito, 47% afirmam que tiveram dificuldade, com crescimento de 23 pontos percentuais em relação a 2020.

As maiores dificuldades apareceram para compra com cartão de crédito (40%), seguido dos financiamentos (14%) e dos carnês (13%). Vale citar que 18% não tentaram comprar a prazo.

O desemprego pode impactar na redução de consumo e também na interrupção de sonhos e projetos. Cerca de três em cada quatro desempregados citam ter interrompido algum projeto ou sonho em função do desemprego (77%). Entre os sonhos e projetos mais adiados, 25% afirmam terem interrompido a reforma da casa, 22% tiveram que interromper os planos de poupar ou fazer uma reserva financeira, 18% os planos de compra de casa própria, 18 % os sonhos de abrir o próprio negócio e outros 18% fazer uma grande viagem (18%).

33% têm outra pessoa desempregada em casa. Divisão sobre gastos e pagamento de contas são os principais motivos de conflitos familiares

Praticamente todos os desempregados (97%) contribuíam financeiramente para as despesas da casa quando trabalhavam. Entre os entrevistados, os conflitos familiares em decorrência da perda do emprego se mostram presentes para 22% deles, com relatos associados principalmente à discordância sobre os gastos da casa (14%) e à divisão do pagamento das contas (11%).

Segundo a pesquisa, a perda de emprego dos membros da família impacta todo ambiente familiar. O estudo apontou que 33% têm outra pessoa desempregada em sua casa. Para 17% dos entrevistados, o desemprego motivou pessoas que não trabalhavam no domicílio a procurar emprego, como filho (6%) e esposa (4%); e 2% afirmam que algum familiar abandonou os estudos para trabalhar e ajudar nas despesas da casa.

Dos desempregados entrevistados, 31% possuem prestações a pagar no próximo mês (12 pontos percentuais a mais do que em 2020), sendo 4,2 o número médio de parcelas a vencer. 44% dos desempregados afirmam ter contas com pagamento em atraso, sendo o valor médio igual a R$1.891,53.

As principais contas em atraso são cartão de crédito (20%), conta de luz (11%) e parcelas de cartão de lojas (9%). O tempo médio de atraso do pagamento é cerca de 12 meses.

Com assessoria CNDL/SPC Brasil

Possui experiência em produção textual e, atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT produzindo conteúdo sobre a região norte de Mato Grosso.