A mãe da menina de 2 anos que foi levada a um hospital de Goiânia sem duas unhas e com ferimentos pelo corpo foi indiciada pela Polícia Civil, na manhã desta sexta-feira (21), pelo crime de tortura. Segundo a delegada Marcella Orçai, a mulher de 25 anos, que está grávida, cometeu diversas agressões contra a própria filha, sendo que, na última vez, a criança teve de passar por uma cirurgia para retirar parte do intestino depois de levar uma pancada na barriga.
“A perícia afirmou que o trauma no órgão foi causado por uma contusão, ou seja, um chute ou soco, uma batida mais forte, que rompeu as veias da barriga da criança. Há indícios de que foi essa própria mãe que também tirou essas unhas da menina”, afirmou a delegada.
O nome da investigada não foi divulgado pela autoridade policial. Portanto, não conseguiu localizar a defesa dela. Em depoimento, segundo a delegada, a jovem negou que torturava a filha e disse que apenas corrigia a criança quando ela se recusava a comer.
No entanto, segundo a investigadora, a versão apresentada pela mãe não condiz com os resultados dos laudos feitos pela perícia na criança. Conforme a polícia, testemunhas também afirmaram que a jovem tinha um comportamento agressivo com a filha.
“Nós vimos lesões de assinatura, que são lesões onde, apenas olhando, você consegue detectar o instrumento usado na agressão. Nesse caso, o resultado é que as lesões nessa criança foram causadas por vassouras ou pedaço de bambu, e não apenas uma simples correção, como ela contou”, disse a delegada.
A criança ficou internada em um hospital de Goiânia entre os dias 10 e 16 de maio. Ela foi levada pelo padrasto e pela mãe, que, ao chegarem à unidade de saúde, informaram que a menina havia caído de bicicleta. Porém, os médicos constataram que a vítima apresentava lesões que haviam sido provocadas há mais de uma semana, ou seja, não tinham sido causadas por um acidente.
Durante as investigações, o Conselho Tutelar, que também a acompanhou o caso, proibiu que a mãe e o padrasto se aproximassem da criança. O homem chegou a ser considerado uns dos suspeitos das agressões. Porém, segundo a delegada, ele não tem relação com o crime. O pai da menina, conforme o conselheiro Carlin Júnior, morreu quando cumpria pena em um presídio de Goiás.
“A princípio, verificou a possibilidade de um ou dois autores, até que nós ouvimos um profissional de saúde, que teve contato com a menina, e ela narrou que a mãe foi autora das lesões. O padrasto, inclusive, ajudou nas investigações”, afirmou a delegada.
Diante das provas colhidas pela polícia, a mulher foi indiciada pelo crime de tortura qualificada por lesão grave, cuja pena varia de 4 a 10 anos de prisão, em caso de condenação. Como não houve flagrante, a jovem não foi detida.
Já a criança, segundo a delegada, está sob os cuidados da avó materna desde o dia que recebeu alta do hospital.