A Justiça do Rio de Janeiro deve decidir nesta terça-feira (17) se mantém a prisão do médico anestesista Andres Eduardo Oñate Carrillo. Ele confessou ter estuprado mulheres que estavam na mesa de cirurgia e de ter produzido vídeos de pornografia infantil. A audiência de custódia deve acontecer durante a tarde.
O médico, que foi preso na segunda (16) e está no Presídio de Benfica, na Zona Norte da capital fluminense, está sendo investigado por pedofilia e violência sexual contra pacientes.
Testemunhas do caso devem prestar depoimento nesta terça na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), no Centro.
“A identificação das vítimas foi possível em razão das informações de metadados existentes nos vídeos onde aparecem os estupros. Os hospitais também colaboraram, passando informações. As características das vítimas, horário e, conjugando com as informações dos metadados, foi possível identificar as vítimas. E foram chamadas à delegacia para depoimento, onde elas confirmaram a identificação e ficaram cientes do estupro”, disse o delegado Luiz Henrique Marques.
Investigação
A primeira investigação, sobre pedofilia, começou em dezembro do ano passado. Andres admitiu ter produzido vídeos com pornografia infantil. Na delegacia, ele disse que se satisfazia vendo imagens de crianças. Os investigadores encontraram os vídeos após acessar a nuvem de dados dos computadores e celulares do médico.
Por meio dos dados, os investigadores foram capazes de rastrear os vídeos que ele armazenava. De acordo com a polícia, ele guardava mais de 20 mil vídeos. Há provas de que Andres produziu pelo menos 13 gravações pela internet de meninas de 9 e 10 anos sem roupa. As cenas foram filmadas entre março de 2019 e janeiro de 2021.
As investigações começaram a partir de um alerta do Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil, da Polícia Federal. Segundo as investigações, ele criou um perfil falso nas redes sociais se passando por um adolescente e ganhava a confiança de crianças. A partir daí, ele pedia que as menores gravassem vídeos.
Estupro de pacientes
Durante a investigação, os policiais encontraram os vídeos de estupro de duas pacientes do médico. Os crimes foram filmados por ele quando as mulheres estavam sedadas.
Os crimes aconteceram em 2020 e 2021. Ele confessou na delegacia que filmou as cenas e aguardava ficar sozinho com as vítimas para se aproveitar delas.
Em depoimento, Andres afirmou que não contou com a participação de mais ninguém.
De acordo com a polícia, um dos estupros aconteceu no Hospital Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, na Região dos Lagos. A vítima passava por uma cirurgia de laqueadura. Ela já prestou depoimento e disse que, por causa da sedação excessiva, passou duas horas desacordada. E que a irmã, que passou pelo mesmo procedimento, não ficou desacordada tanto tempo.
Segundo os investigadores, a outra paciente foi estuprada em uma cirurgia para a retirada do útero no Hospital Clementino Fraga Filho, da UFRJ. O caso foi em 2021.
“Eu lembro que minha filha fica fazendo perguntas. Por que a minha mãe tá assim? Aí, o doutor falou assim: tem tipo de cirurgia que a gente tem que dar um pouco mais de anestesia porque é prolongada, foi a cirurgia da tua mãe”, lembrou a vítima, em entrevista exclusiva.
Ela soube que foi estuprada quando foi procurada pela polícia, para depor sobre o caso.