O avião de prefixo PP-MIX tinha decolado do Aeroporto de Foz do Iguaçú, no Paraná.
A principal suspeita até agora recai sobre um possível estouro dos pneus do trem de pouso traseiro, causando a saída de pista.
A demora para liberar a pista se deve à perícia que está sendo realizada. Em razão deste incidente e da chuva forte que cai em muitas regiões de São Paulo, o aeroporto internacional de Guarulhos corre o risco de ter suas operações sobrecarregadas.
Todas as equipes técnicas de Congonhas foram acionadas e as providências necessárias tomadas de imediato para a retirada da aeronave o mais rápido possível.
A pista principal ficou interditada devido à perícia inicial, mas a pista auxiliar, no entanto, está liberada para aviação executiva.
De acordo com a Infraero, Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, a previsão de liberação das operações era de uma hora, ou seja, às 14h30. Mas até às 15h25, o avião permanecia na cabeceira da pista.
Até o meio da tarde foram registrados, entre chegadas e partidas no Aeroporto de Congonhas, 16 cancelamentos e 54 atrasos, por conta do incidente.
A aeronave pertence a uma empresa particular do ramo de concreto. A situação da aeronave é normal, segundo pesquisa no site da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
O blog teve acesso ao boletim meteorológico do momento do acidente.
O documento, conhecido na aviação como METAR, revela a existência de CB a 3.500 pés, chuva recente e vento de cauda.
CB é a sigla de CUMULONIMBUS, formação de nuvens com forte desenvolvimento vertical, o que limita o uso do espaço aéreo e pode afetar os procedimentos de pouso e decolagem devido às cortantes de vento geradas pelas fortes correntes, ascendentes e descendentes, em torno da nuvem.
Muitos voos que tinham Congonhas como destino foram desviados para Campinas (SP), Confins (MG) e Galeão (RJ).
A INFRAERO se comprometeu a prestar informações aos passageiros que tiveram suas decolagens canceladas, após o incidente.
Especialista em Segurança de Voo, o Comandante Paulo Licati lembra que o Aeroporto de Congonhas, é o primeiro da América Latina a possuir o sistema de parada de aeronaves (EMAS), feito com uma mistura de vidro reciclado e concreto celular, este sistema foi projetado para parar uma aeronave com velocidade em até 50 Kts ou 92,6 quilômetros por hora.
“Este sistema ainda passa por processo de certificação junto a ANAC, após isso o DECEA deve publicar a área nas cartas (mapas) do aeroporto. Outro tema muito importante abordado pela Flight Safety Foundation é o treinamento dos pilotos, visto que em alguns casos, em pistas com o EMAS instalado, os pilotos optaram por virar a aeronave para lateral da pista, causando danos maiores do que sair na área projetada para estes casos”, afirma Licati
O Comandante lembra que em 9/11/2017 a Federação Internacional dos Pilotos de Linha Aérea (IFALPA) chegou a emitir um boletim passando algumas recomendações aos pilotos, caso seja iminente a ultrapassagem, dos limites da pista como mostram os tópicos a seguir:
1 -Continue a desaceleração
Independente da velocidade da aeronave ao sair da pista, continue seguindo os procedimentos de reject takeoff, ou de pouso, utilizando os procedimentos de frenagem máxima descritos no manual de voo da aeronave.
2 – Mantenha a linha central da pista
Não virar para esquerda ou direita do EMAS, continuar em frente irá maximizar a capacidade de parar. A qualidade de desaceleração será melhor dentro dos limites do EMAS.
3 – Mantenha a desaceleração da aeronave
O EMAS é um sistema passivo, então esta é a única ação requerida pelo piloto.
4 – Após a parada da aeronave
Não tente taxiar ou mover a aeronave, a aeronave precisará ser rebocada.
5 – Evacuação
Siga os procedimentos do seu operador ao tomar qualquer decisão de evacuação.
Paulo Licati reforça que o treinamento é essencial para a utilização de qualquer tecnologia e equipamento de segurança.
Outro fator que deve ser chamado a atenção de todos, é que a Organização Internacional de Aviação Civli (OACI), requer que todos aeroportos tenham uma área de escape de 150 metros após os limites da faixa de pista, aonde não for possível, em caso de expansão urbana ou geográfico, um método alternativo pode ser aceito, como é o caso do EMAS que garante a parada de uma aeronave em menor espaço.
“No Brasil, ainda temos a esperança que o governo inicie as obras no aeroporto Santos Dumont o mais breve possível, como ja anunciado pela Secretaria de Aviação Civil. A segurança suporta o negócio aviação”, apela o Comandante Licati.