A crise que envolve Americanas, instituições financeiras, trabalhadores, investidores e a Justiça não se restringe às lojas físicas da rede de varejo nem ao ecommerce e marketplace Americanas.com.
Quem está em recuperação judicial é a Americanas S.A., que é dona das lojas, do site e de outras 16 marcas que pertencem ao grupo. Essa empresa foi criada em 2021, para centralizar a gestão das empresas em uma sociedade, o que é chamado de holding.
Em sua página de carreiras, a Americanas se define como “uma multiplataforma de inovação tecnológica com atuação em: varejo, ecommerce, logística, fintech e publicidade, impulsionadas por um forte motor de inovação. Uma Companhia criada a partir da combinação de Lojas Americanas e B2W, dona das marcas mais queridas da internet. Somamos mais de 53 milhões de clientes ativos, mais de 44 mil associados e mais de 3.500 lojas em todo o país”.
Antes da fusão, os diferentes negócios, que foram criados ou comprados ao longo do tempo, eram controlados separadamente. Eles fazem parte de um ambicioso plano de expansão da companhia, que começou em 2004, com o objetivo de ampliar sua área de atuação e diversificar a oferta de produtos.
A primeira aquisição foi a do Shoptime, em 2005, um canal de TV e site de comércio eletrônico. No ano seguinte, foi criada a B2W, com a fusão do Submarino, pioneiro do ecommerce no país. De lá para cá, o grupo investiu pesado na compra de empresas menores, sobretudo em 2021, após o estabelecimento da holding.
A loja de presentes criativos Imaginarium, por exemplo, foi integrada à Americanas S.A. em abril de 2021, quando a empresa adquiriu o Grupo Uni.co, que tem as marcas Puket (moda e acessórios), Lovebrands (mutimarcas) e MinD (decoração).
A rede de lojas de hortifrúti Natural da Terra também pertence à Americanas, que comprou a empresa em agosto de 2021, por R$ 2,1 bilhões. A rede atende os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo e tem uma frota com mais de 230 veículos, que transportam 16 mil toneladas de frutas, legumes e verduras por mês.
Além das lojas físicas, a Natural da Terra tem produtos de marca própria — como água de coco, requeijão, massa de tapioca e frutas embaladas, entre outros — e o site, que funciona como loja online.
Há no grupo empresarial, ainda, minimercados, lojas de conveniência, empresas de tecnologia e do setor financeiro. Caso o gigante do varejo não consiga chegar a um acordo com seus credores e não quite suas dívidas, todos os negócios da holding correm o risco de ir à falência.
Para isso não acontecer, uma das opções pode ser a venda de alguns desses ativos.
Além da Américanas S.A., estão em recuperação judicial suas três subsidiárias, a B2W Digital Lux, a JSM Global, que tem sede em Luxemburgo, na Europa, e a ST Importações, que oferece soluções para comércio exterior.