O projeto da Ferrogrão (EF-170), estrada de ferro planejada entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), vem sendo acompanhado de um aumento expressivo nas multas por crimes ambientais na região, conforme análise da InfoAmazonia com base nos dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) do Pará.
Entre 2014, ano de início do estudo de viabilidade técnica da Ferrogrão, e 2022, foram emitidas 6.972 multas na região, um aumento de 190% em relação ao período anterior, de 2005 a 2013. Além do aumento no número de multas, houve uma mudança no tipo de crime ambiental registrado pela SEMAS, que passou a incluir uma variedade maior de delitos, como porte de motosserra, uso de trator em florestas protegidas, apreensão de animais silvestres em cativeiro, entre outros.
O ano de 2022 registrou um segundo pico no número de multas, coincidindo com a determinação da Justiça para consulta prévia aos povos indígenas afetados pelo projeto, algo que não vinha sendo feito desde o início do empreendimento. O total das infrações gerou multas que hoje somam R$ 5,5 bilhões, um aumento de 130% em relação ao período anterior.
As preocupações com os impactos ambientais da Ferrogrão são destacadas pelos povos indígenas da região, como os Kayapó, que já sentem os efeitos do projeto em suas terras. Líderes indígenas têm se manifestado contra a construção da ferrovia, com o cacique Raoni pedindo ao presidente Lula que não aprove o projeto durante um encontro recente.
Além das multas, também foram analisados os embargos aplicados pelo Ibama na região, mostrando nomes de infratores conhecidos, como Antônio José Junqueira Vilela Filho e Ezequiel Antônio Castanha, envolvidos em esquemas de desmatamento ilegal e grilagem de terras na região.