Desinformação sobre quebramento da pressa da soja e de podridão de grãos foi desafio da última safra de soja

Fonte: Assessoria

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Redes multidisciplinares de pesquisa estão analisando dados como clima, fertilidade e física do solo, teor de lignina e outros que possam dar pistas sobre a podridão da soja (Foto: Gabriel Rezende)

Em decorrência de uma indefinição sobre as causas dos problemas de quebra da pressa da soja e de podridão de grãos, na safra 2023/2024, houve muita desinformação circulando nas redes, afirma o professor Sérgio Brommonschenkel (UFV), que participou do painel sobre o tema na Reunião de Pesquisa de Soja, promovida pela Embrapa Soja, de 26 a 27 de junho, em Londrina (PR). “Minha questão principal foi mostrar os diferentes sintomas que são relatados e apontados os causados ​​por fungos e aqueles causados ​​por outros fatores (não biológicos)”, esclarece o professor.

As ocorrências de quebra de haste e podridão de grãos na cultura da soja têm sido cultivadas com maior frequência nos últimos anos, sendo a podridão de grãos, desde a safra 2018/2019 na região médio-norte de Mato Grosso e em Rondônia, enquanto o quebra de haste desde 2020/2021, também nessa região mato-grossense, assim como nos estados do Paraná e de Santa Catarina na safra 2023/2024.

Brommonschenkel afirma que os fungos que predominam, no caso do podridão de grãos e vagens são espécies de Diaporthe, Fusarium, Colletotrichum. “Esses fungos podem ser encontrados de forma latente nas plantas e causam sintomas na fase final do abastecimento de grãos, em determinadas condições climáticas, explica.
Segundo ele, o problema do podridão ocorre em Mato Grosso, especialmente na BR 163, por conta da proximidade com o bioma amazônico que proporciona maior frequência de chuvas, ocasionando em maiores períodos de acúmulo de umidade no enchimento final de vagens. “Quando esses fatores coincidem, temos maior incidência do podridão de grãos e vagens”, diz.

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Apesar dos desafios que envolvem a podridão de grãos e vagens, na safra 2023/2024, houve menor incidência do problema pela conta da menor pluviosidade, em decorrência do fenômeno El Niño. “Desde que se tente identificar as causas e as estratégias de manejo para esses problemas, o clima tem como fator determinante. A presença de molhamento na finalização do enchimento de grãos e na maturação é preponderante para se observar os sintomas”, explica a fitopatologista Karla Kudlawiec, da SLC Agrícola.

Tanto em Mato Grosso quanto no Paraná, dois importantes estados produtores de soja, na safra 2023/2024, os levantamentos mostraram que a área de ocorrência de quebra da haste foi pouco expressiva. No Paraná, o quebra-vento foi constatado com certa intensidade na região do Vale do Ivaí, em áreas de baixa altitude, inferiores a 500 m, onde via de regra as temperaturas são mais elevadas.

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Quanto à podridão de grãos, Karla explica que não foi possível avaliar se a estratégia de manejo definida seria eficiente. “Não pudemos avaliar se os manejos estabelecidos, com a rotação de diferentes princípios ativos dos fungicidas, foi eficiente porque houve baixa incidência do problema”, ressalta.

Para abordar a seleção de cultivares para quebramento da pressa e podridão de grãos, o painel conto com a participação de Neucimara Ribeiro, da GDM Genética. “Já fizemos vários testes para identificar a causa e tentativas de seleção de genótipos para o problema. Mas, como ainda não há certeza das causas, ainda precisamos aguardar para avançar”, explica.

É formado em Jornalismo. Possui experiência em produção textual e, atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT produzindo conteúdo sobre política, economia e esporte regional.