Manifestantes e policiais se enfrentaram em Buenos Aires, na Argentina, nesta quarta-feira (20), em um protesto contra o economista liberal Javier Milei, que foi eleito e já protagoniza algumas polêmicas, dente elas, ele propõe o fechamento do Banco Central argentino.
Os manifestantes (mais de 10 mil pessoas), que se identificavam como de esquerda, foram às ruas para protestar contra as declarações de Milei, que defende políticas econômicas liberais e duras medidas de segurança pública.
Os protestos começaram no centro de Buenos Aires e se espalharam para outras partes da cidade. Os manifestantes atiraram pedras e coquetéis molotov contra a polícia, que respondeu com balas de borracha e gás lacrimogêneo.
Ao menos 10 pessoas ficaram feridas nos confrontos, incluindo dois policiais.
Os protestos contra Milei são um sinal de que a sua eleição está gerando divisão na Argentina. Milei é um dos políticos mais populares do país, mas também é um dos mais controversos.
Milei é um defensor do livre mercado e da privatização das empresas públicas. Ele também é um crítico do governo de Alberto Fernández, que é do Partido Justicialista, de centro-esquerda.
Os protestos contra Milei são uma demonstração de que a sua eleição está polarizando a Argentina. A sua retórica populista e de direita está atraindo um grande número de seguidores, mas também está provocando a oposição dos setores mais progressistas da sociedade argentina.
Mudanças na Argentina
Javier Milei iniciou formalmente a demolição do Estado argentino. Rodeado por seus ministros, o presidente de extrema-direita apresentou na quarta-feira um decreto de necessidade e urgência que revoga leis, elimina dezenas de regulamentos estaduais, habilita a privatização de empresas públicas como a petrolífera YPF e abre a porta para as operações em dólares. Também dá o pontapé inicial para flexibilizar o mercado de trabalho e o sistema de saúde. Os novos regulamentos já estão em vigor e só podem ser rejeitados por uma decisão judicial ou pelo voto negativo das duas Câmaras Legislativas.
Em um discurso lido de 15 minutos, Milei listou 30 das cerca de 300 reformas contidas no texto que foi publicado nesta quinta-feira no boletim oficial.
No futebol
A partir desta quinta-feira, os clubes de futebol poderão ser sociedades anónimas, os estrangeiros não terão limites para comprar terras e poderão ser feitas operações em dólares sem qualquer impedimento.
Sistema de Saúde
O sistema de saúde sofrerá mudanças importantes. Os seguros privados poderão fixar livremente os preços a partir de agora, enquanto os seguros ligados aos sindicatos (conhecidos como obras sociais) terão um quadro regulatório mais flexível. Além disso, a prescrição médica eletrônica é estabelecida com o objetivo de agilizar os procedimentos e reduzir custos.
Mercado
O decreto abre o mercado argentino protegido ao mundo ao eliminar muitas das regras que colocavam obstáculos às importações e às exportações. A indústria argentina, que tem desfrutado durante anos de pouca concorrência interna, será um dos setores mais prejudicados, como já aconteceu durante a década neoliberal de Carlos Menem (1989-1999).
Milei chegou à presidência com o voto recorde de 56% dos argentinos e usa esse apoio para pedir aos legisladores que aprovem a mudança de rumo “que as pessoas votaram”. Mas governa em uma sociedade muito polarizada e com sindicatos e organizações poderosas que estão dispostos a enfrentar nas ruas qualquer corte de direitos.