Os catadores de materiais recicláveis devem ser reconhecidos e valorizados como verdadeiros agentes ambientais, afirmou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, durante o encerramento da 12ª ExpoCatadores, realizada na capital paulista.
Em seu discurso, Boulos destacou que esses trabalhadores enfrentam preconceito histórico, apesar do papel essencial que desempenham na preservação ambiental. Para o ministro, a sociedade precisa reconhecer o serviço prestado pelos catadores com o mesmo respeito destinado a empresários do setor de reciclagem.
O ministro também apresentou iniciativas do governo federal voltadas à inclusão social da categoria. Entre elas, a destinação de moradias do programa Minha Casa, Minha Vida exclusivamente para pessoas em situação de rua, grupo que inclui muitos catadores. Segundo ele, os primeiros empreendimentos desse modelo devem ser entregues ainda neste ano em São Paulo, com projetos semelhantes em fase inicial em Minas Gerais.
A reserva de 3% das unidades habitacionais do programa, na modalidade Fundo de Arrendamento Residencial, para a população em situação de rua em 38 municípios está prevista em norma publicada em 2025.
Outro anúncio feito no evento foi a criação do Programa Nacional de Investimento na Reciclagem Popular (Pronarep), que prevê apoio financeiro, técnico e social às cooperativas e associações. O objetivo é fortalecer a economia circular, ampliar a inclusão social e promover a erradicação humanizada dos lixões.
O Pronarep prevê linhas de crédito com juros reduzidos para suprir necessidades básicas das cooperativas, como aquisição de equipamentos, caminhões e capital de giro. Além disso, um decreto permite a doação e cessão de bens da administração pública, como balanças substituídas por órgãos federais, que ainda estão em condições de uso.
A ExpoCatadores reuniu cerca de 3 mil visitantes ao longo de três dias e contou com a participação de aproximadamente 600 cooperativas, especialistas e representantes do poder público.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística indicam que mais de 70% dos municípios brasileiros registram a presença de catadores informais na limpeza urbana. Apesar disso, apenas uma pequena parcela das prefeituras mantém contratos formais com cooperativas.
Estudos apontam que os catadores são responsáveis por encaminhar cerca de 90% das embalagens recicladas para a indústria, mesmo enfrentando condições de trabalho precárias, baixa remuneração e limitada escolaridade. A maioria é formada por mulheres e pessoas negras, com idade média superior à da população brasileira.





















