Ao menos 16 aviões de guerra da China invadiram a zona de defesa aérea de Taiwan nesta terça-feira (9), uma semana após a visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha.
Desde quinta-feira (4), Pequim vem realizando manobras militares, as maiores já realizadas nos arredores de Taiwan, em resposta à viagem de Pelosi, que o governo chinês chamou de provocação. A China considera a ilha parte de seu território.
Segundo o Ministério da Defesa de Taiwan, as aeronaves cruzaram a linha do Estreito de Taiwan, que delimita o espaço aéreo dois dois países.
Em resposta, o governo taiwanês também começou a realizar exercícios militares com munição real nesta terça-feira – em resposta a Pequim, que também vem utilizando munições reais e até já disparou mísseis no mar de Taiwan.
O Exército de Taiwan afirmou que seus exercícios começaram no condado de Pingtung, no sul, uma parte um pouco mais distante da China, com o disparo de sinalizadores e artilharia.
Além dos aviões, cerca de 20 barcos da Marinha chinesa e da taiwanesa estão posicionados perto da linha mediana do Estreito de Taiwan, evidenciando a escalada das tensões na região.
Disputa
A disputa entre China e o governo de Taiwan pela ilha acontece há décadas, desde que a oposição aos comunistas se refugiou lá.
A ilha de Taiwan foi tomada pela China do Japão em 1945, após a Segunda Guerra Mundial. Mas logo depois a China entrou em Guerra Civil, com forças comunistas e nacionalistas se enfrentando. Os comunistas, comandados por Mao Tse-tung, venceram o conflito, e, com isso, os nacionalistas fugiram para Taiwan, tomaram a ilha e declararam ali a República Nacionalista da China.
Os nacionalistas afirmavam ser o legítimo governo da China no exílio. Já Pequim, comandada desde então pelo Partido Comunista, alega que Taiwan segue sendo parte de seu território e que irá retomá-la, à força se for preciso.
Ao longo das últimas décadas, no entanto, ambas as partes “estacionaram” suas causas: nem Pequim tentou invadir a ilha, nem Taipei seguiu adiante em seus planos de se tornar independente.
Mas essa estratégia mudou nos últimos anos. O atual presidente chinês, Xi Jinping, em busca da reeleição, voltou a endurecer o discurso contra Taiwan e retomou exercícios militares ao redor da ilha no último ano. A postura coincidiu com a chegada ao poder, nos Estados Unidos, do democrata Joe Biden, que constantemente se manifesta a favor da independência de Taiwan, um assunto que seu antecessor, Donald Trump, quase não tocava.