Uma via inaugurada em 2014 no estado do Rio e que era para ser uma das mais modernas do Brasil se transformou em um símbolo de tudo de ruim que pode haver nas piores obras públicas, como mostrou o Jornal Nacional nesta segunda-feira (4). A obra do Arco Metropolitano, investigada pela Lava Jato por superfaturamento, atualmente é um corredor escuro que só este ano já teve 199 roubos a motoristas registrados.
“Essa obra infelizmente é o exemplo clássico de tudo o que não deve ser feito numa obra pública”, diz o controlador-geral do Estado, Bernardo Santos Cunha Barbosa.
A estrada custou R$ 1,9 bilhão e teve irregularidades desde a licitação até a inauguração. A via de 71 quilômetros escoa a produção do Rio e encurta a viagem até São Paulo, mas hoje muitos motoristas a evitam. Começa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e vai até o Porto de Itaguaí.
Quem passa à noite pelo arco convive com a escuridão e o medo da violência. A grande maioria dos 4,2 mil postes de luz – um a cada 17 metros – já não funciona.
O Jornal Nacional localizou o caminhoneiro Cristian Dantas, que chegou a ser garoto-propaganda da obra em 2014. Hoje, evita passar pelo Arco.
“Dou a volta – Avenida Brasil, Dutra – mas corro dali. Hoje em dia não passo, não. Hoje não é nada daquilo. É a rodovia do medo.”
A polícia descobriu que parte das baterias dos postes que é roubada é usada para abastecer módulos super potentes de auto falantes, os paredões de som. Cada poste tem espaço para quatro baterias. A polícia desarticulou uma quadrilha que já tinha roubado mais de 50.
“Se aproveitavam do local, que tinha baixíssima iluminação, não tinha muita circulação, câmeras de segurança. Eles sabiam dessa informação, e aproveitavam isso pra praticar o delito”, diz o delegado André Neves.
Bandidos contaram para a polícia que sobem nos postes para retirar o equipamento. Há também casos em que os postes têm a base serrada e são derrubados. Nesse caso, além das baterias, placas solares e lâmpadas são levadas.