Afrodescendentes ganham destaque inédito nos documentos finais da COP30

Os textos aprovados na conferência climática em Belém mencionam afrodescendentes pela primeira vez, reconhecendo seu papel e sua vulnerabilidade diante das mudanças climáticas.

Fonte: CenárioMT

Afrodescendentes ganham destaque inédito nos documentos finais da COP30
Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), encerrada em Belém, registrou pela primeira vez a presença explícita do termo afrodescendentes em seus documentos oficiais.

A referência aparece em quatro textos aprovados durante o encontro, que tratam de estratégias para enfrentar o aquecimento global e fortalecer ações de adaptação e mitigação.

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O termo integra os documentos Transição Justa, Plano de Ação de Gênero, Objetivo Global de Adaptação e Mutirão. A inclusão ocorre poucos dias após o feriado da Consciência Negra, reforçando o reconhecimento da identidade afrodescendente e das demandas por equidade racial.

Transição Energética

O texto dedicado à transição energética ressalta a necessidade de participação ampla de diversos grupos sociais, incluindo pessoas de ascendência africana, povos indígenas, comunidades locais, trabalhadores informais e populações vulneráveis.

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O documento também afirma que qualquer trajetória de mudança deve respeitar e promover os direitos humanos de todos esses segmentos.

Adaptação e Gênero

O Objetivo Global de Adaptação destaca as contribuições de pessoas de ascendência africana, comunidades locais, jovens, mulheres e pessoas com deficiência para ações de adaptação climática.

O Plano de Ação de Gênero reconhece o papel de mulheres e meninas afrodescendentes na construção de soluções para o enfrentamento da crise climática.

Mutirão

O documento denominado Mutirão, apresentado como um processo contínuo de mobilização dentro e fora da COP30, ressalta o envolvimento de grupos não governamentais. Entre eles estão povos indígenas, comunidades locais, pessoas de ascendência africana, mulheres, jovens e crianças.

Segundo o texto, esses grupos impulsionam o avanço coletivo em direção aos objetivos previstos no Acordo de Paris.

Reconhecimento e desafios

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, comemorou o reconhecimento internacional da vulnerabilidade das populações afrodescendentes frente aos impactos climáticos.

Ela destacou, contudo, que ainda são necessárias medidas concretas que considerem desigualdades estruturais e os efeitos do racismo ambiental em áreas periféricas.

Pressão social

O avanço também foi impulsionado por movimentos da sociedade civil. O Geledés Instituto da Mulher Negra teve participação ativa nas articulações que levaram à inclusão do termo.

A organização afirmou que populações afrodescendentes, apesar de estarem entre as mais afetadas pela crise climática, são também protagonistas em soluções e práticas de resiliência.

Para o instituto, o reconhecimento abre caminho para políticas mais justas e alinhadas às necessidades de territórios historicamente marcados por desigualdades.

Antecedentes

A decisão segue um movimento iniciado na COP16 da Convenção sobre Diversidade Biológica, realizada um ano antes na Colômbia, que ampliou a participação de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais em debates sobre preservação.

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