O adolescente de 16 anos que morreu ao ingerir soda cáustica como se fosse água, em um comércio em Guarujá, no litoral de São Paulo, tomou o líquido de uma garrafinha semelhante àquelas em que servem sucos e água de coco, contou uma testemunha em depoimento à polícia. De acordo com ela, o menino deu um gole e cuspiu o líquido, mas voltou a beber e reclamou que estava queimando.
A mesma testemunha socorreu o jovem Heitor Santos Poncidônio ao Pronto-Socorro Municipal de Vicente de Carvalho, enquanto outra pessoa foi à casa de parentes do jovem informar o que havia acontecido. O delegado responsável pelo caso, Flavio Magario, do 2ºDP, disse que “é certo que a vítima bebeu um líquido no local dos fatos e que este líquido provocou a internação dele”.
“A testemunha contou que após o segundo gole, ele [Heitor] entrou pela porta da loja dizendo que estava queimando”, disse Magario, ressaltando trecho do depoimento.
Investigação
Segundo Magario, como houve um intervalo de tempo significativo entre a ingestão do líquido, em 1º de dezembro, e a morte do jovem, em 9 de janeiro, a Polícia Civil aguarda o laudo do Instituto Médico Legal para confirmar a relação da ingestão do produto químico com as lesões que ocasionaram o óbito.
A autoridade policial disse, ainda, buscar mais testemunhas que possam contribuir para investigação. O delegado quer saber se alguém ofereceu a soda cáustica à vítima. “Depois disso vamos avaliar se foi doloso ou culposo [sem intenção ou com intenção de matar], por imprudência ou negligência”.
O caso
De acordo com o boletim de ocorrência, Heitor saiu de casa para comprar cloro e desinfetante para a avó, no dia 1º de dezembro, em um comércio em Vicente de Carvalho.
Segundo o documento, a família alega que Heitor teria pedido um pouco de água e recebido uma garrafa com o produto químico. Ele tomou soda cáustica por engano como se fosse água. O dono do comércio e um funcionário estiveram na delegacia e negaram a história.
O comércio disse, em nota, que Heitor pediu desinfetante e, enquanto aguardava para ser atendido, outro cliente pediu um frasco de soda cáustica. O adolescente, ainda de acordo com o estabelecimento, teria pegado a garrafa, aberto e a colocado debaixo do braço, vindo a derramar parte o produto no chão.
Naquele momento, segundo o comércio, um funcionário o alertou: “Cara isso é soda”. Mesmo assim, de acordo com o estabelecimento, o menino teria levado a garrafa à boca e, depois, vomitou.
A morte
Heitor morreu em 9 de janeiro, dois dias após começar a sentir dores abdominais. A prima do adolescente disse que ele foi levado à Casa de Saúde de Guarujá, passou por consulta médica e, como o coração estava acelerado, foi colocado no soro. Eduarda explicou que coletaram o sangue do garoto e o resultado revelou uma “inflamação no estômago e que as plaquetas estavam altas”.
No dia em que morreu, Heitor havia sido encaminhado para fazer uma endoscopia e, segundo a prima, saiu da sala precisando de reanimação. “Foi imediatamente para sala de emergência, onde vários médicos tentarem reanimá-lo, porém sem êxito”.