Aproximadamente 30 mil pessoas serão beneficiadas com o apoio logístico humanitário que as Forças Armadas prestam ao estado do Amazonas (AM), que sofre com a estiagem e com a baixa no volume dos rios. Ao todo, estão sendo transportadas cerca de 153,3 toneladas de alimentos, o que corresponde a 7.300 cestas, do Porto de Manaus para o interior do estado. A previsão de chegada dos suprimentos na região do Alto Solimões é na primeira semana do mês de setembro.
O Exército Brasilerio transporta, por meio fluvial, cerca de 5.800 cestas de alimentos. A Marinha do Brasil, por sua vez, embarcou no Navio de Assistência Hospitalar (NAsH) “Oswaldo Cruz” um total de 1.500 cestas de gêneros alimentícios. Na oportunidade, o NAsH levará assistência básica de saúde aos ribeirinhos e indígenas. Os mantimentos transportados serão entregues à Defesa Civil do Estado para a distribuição à população local.
PAUTA 1 – FOTO 1.jpegO comandante do Centro de Embarcações do Comando Militar Amazônia (Cecma) do Exército, Tenente-Coronel Charles Davidson Soares Bitencourt, ressaltou a importância do auxílio prestado à população amazonense. “Aqui na Amazônia, a cada seis meses, ocorre o sistema de cheia e depois a vazante dos rios. Nós estamos vivendo o período da vazante, em que há estudos que indicam uma seca muito severa, tal qual do ano passado. Então, dessa forma, o Governo do Estado está antecipando o envio de mantimentos e, nós, prontamente atendemos”, explicou o Coronel.
Níveis dos rios
O ápice da estiagem nas bacias dos rios Solimões, Madeira e Tapajós, no Amazonas (AM), deve ocorrer em setembro. Devido ao aquecimento elevado da superfície do Atlântico Norte, atual razão da seca na Bacia do Madeira, os níveis de água podem representar uma condição de anomalia moderada a severa. A previsão é do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), órgão vinculado ao Ministério da Defesa (MD).
Segundo o analista em Ciência e Tecnologia do Censipam, Flávio Altieri, responsável pelo monitoramento dos rios da Amazônia, o fenômeno La Niña, que tende a favorecer chuvas, tem 66% de chance de se configurar entre setembro e novembro de 2024. No entanto, sua intensidade será baixa e não aliviará a seca na Amazônia. “Mesmo que a La Niña ocorra em setembro, é pouco provável que ela reduza a estiagem nas regiões do Solimões, Madeira, Tapajós e Negro, pois os efeitos desse fenômeno só devem impactar as chuvas a partir de dezembro. Ou seja, sua influência será sentida no início do período chuvoso”, explicou.
Os dados, extraídos do Sistema Integrado de Monitoramento e Alerta Hidrometeorológico (SipamHidro ), apontam, ainda, que os níveis desses rios, no início de agosto, estavam muito abaixo da média, próximos das mínimas registradas para o mês. Em Porto Velho (RO), o rio Madeira registrou, em 21 de agosto , uma diferença de apenas 18 centímetros em relação à mínima histórica para o mês, enquanto no rio Acre, em Rio Branco (AC), essa diferença foi de apenas 2 centímetros.
Em Tabatinga (AM), o nível do rio Solimões, no dia 20 , foi de apenas 7 centímetros, o menor nível já observado para o mês de agosto, segundo dados históricos. Em Fonte Boa (AM), a queda alcançou 4,26 metros nos últimos 30 dias. Já em Manaus (AM), o nível do rio Negro está quase 3 metros abaixo do registrado em relação ao mesmo período de 2023. A expectativa é que o escoamento continue até novembro.